Título: Atividade industrial se mantém aquecida no primeiro bimestre
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/04/2008, Nacional, p. A5

Brasília, 4 de Abril de 2008 - A produção da indústria continua em forte expansão no País. Os indicadores industriais medidos em fevereiro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e divulgados ontem, revelam que o ritmo da atividade cresceu nos quatro indicadores avaliados em relação ao mesmo período de 2007. O faturamento das empresas aumentou 11,5%, as horas trabalhadas na produção cresceram 8,8%, o emprego 4,9% e a massa salarial 7,2%. O que reduziu foi a utilização da capacidade instalada das fábricas, em relação ao pico de novembro de 2007, quando o índice registrou o seu maior nível, de 83,3%. Em fevereiro foi de 82,9%. Os economistas da CNI destacaram que esse crescimento da economia dá sinais de ter fôlego, diferentemente do que ocorreu em 2004 no ciclo anterior de expansão econômica. "O crescimento de agora está marcado pela intensidade e pela regularidade" avalia o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele disse que o atual ciclo econômico está ancorado na expansão do consumo das famílias e do crédito, aliado à estabilidade da inflação e ao crescimento do emprego. "É muito diferente de 2004, quando o crescimento foi rápido. Agora ele vem aumentando de forma gradual, desde 2006, o que deu tempo para os investimentos amadurecerem", compara o economista. O estudo mostra que as taxas de crescimento da indústria, dos últimos doze meses, são as mais altas desde 2003, quando a pesquisa começou. Entre os destaques estão o crescimento mensal do faturamento, que é o maior desde junho de 2007, e o de horas trabalhadas, que não crescia tanto desde abril de 2005. O faturamento real das empresas subiu 0,3% em fevereiro em relação a janeiro e as horas trabalhadas deram um pulo de 1,6% no mês. No mesmo período, o emprego permaneceu estável e a massa salarial sofreu uma contração de 1,1%. O faturamento da indústria, que é o que mais interessa aos empresários, cresce há sete meses consecutivos e atingiu o patamar de dois dígitos no primeiro bimestre do ano. O aumento foi de 10,9% em janeiro e de 11,5% em fevereiro. Os segmentos responsáveis por esse bom momento da economia, são os automóveis, alimentos e bebidas e máquinas e equipamentos. A produção de automóveis explica 30% da elevação do faturamento da indústria de transformação e 40% do aumento da utilização da capacidade instalada nos últimos doze meses. Apesar de o crescimento econômico estar mais intenso nesses três setores, a melhoria dos indicadores abrange 15 dos 19 pesquisados em relação às horas trabalhadas na produção, que é a variável que melhor mede o incremento da produtividade da indústria, segundo os economistas. Até mesmo o recuo do uso da capacidade instalada é comemorada pelos economistas. Paulo Mól, da equipe da CNI, explica que a queda é boa, porque mostra que investimentos em expansão do parque maturaram. Segundo os economistas, a redução ocorre também porque está havendo recomposição de estoques.O setor está preocupado com a possível elevação da taxa básica de juros (Selic) pelo Conselho de Política Monetária (Copom) na reunião marcada para daqui a duas semanas. O temor foi apresentado pelos industriais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, na terça-feira e reforçado, ontem, pelos técnicos da CNI. O economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, disse que o único entrave para o crescimento será um aumento na taxa de juros, hoje em 11,25% ao ano. "Se a Selic aumentar, afeta os investimentos da indústria por causa da redução das expectativas. Seria um sinal de que o governo vai tentar reduzir o crescimento da demanda, e isso pode impactar o crescimento da indústria e da economia como um todo." (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Rivadavia Severo)