Título: Governo não mexe no câmbio, diz Mantega
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/04/2008, Nacional, p. A5

Brasília, 4 de Abril de 2008 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que o governo tenha pensado em abandonar o regime de câmbio flutuante, e disse que medidas de incentivo à indústria exportadora são, no momento, os únicos instrumentos para conter a piora das contas externas brasileiras. Em entrevista à Reuters, o ministro defendeu também que a melhor maneira de brecar eventuais pressões inflacionárias é estimular um aumento da produção - sinalizando, mais uma vez, que não gostaria de ver uma elevação do juro básico pelo Banco Central. "O Ministério da Fazenda e o governo não estão estudando nenhuma nova modalidade de câmbio no Brasil. Nós continuaremos com o câmbio flutuante. Não se muda um sistema exitoso", afirmou, em referência à política de metas de inflação e câmbio livre adotada em 1999. Um jornal publicou ontem que um ministro, não identificado, informou que Mantega teria levado ao Planalto a discussão sobre mudar a política cambial. Questionado pela Reuters, Mantega negou que a Fazenda teria lançado um "balão de ensaio" para medir a reação do mercado ao assunto. "Vocês deveriam procurar verificar a fonte dessas informações... aqui da Fazenda nós não costumamos fazer nenhum tipo de ensaio", disse o ministro Segundo Mantega, a política industrial a ser anunciada pelo governo nos próximos "15 ou 20 dias" trará medidas de estímulo ao setor exportador que terão impacto sobre o volume das vendas externas já neste ano. Ele estima que a projeção do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), de exportações de US$ 180 bilhões neste ano, será superada. Para o ministro, o aumento da tributação sobre investimentos estrangeiros em títulos públicos, anunciado pelo Ministério da Fazenda em meados de março, já surtiu efeito sobre o câmbio. "Depois disso houve desvalorização do real, que foi para outro patamar", afirmou. Ele acrescentou no momento os ajustes previstos para o câmbio já foram feitos. Mantega sustentou também que a economia brasileira tem conseguido absorver o aquecimento da demanda doméstica e pressões potenciais devem ser enfrentadas com aumento da oferta. "A melhor política antiinflacionária é a de estímulo à oferta, ao investimento." Ele afirmou que a política monetária tem sido bem conduzida e disse não ter conhecimento das preocupações manifestadas pelo Banco Central com o crescimento dos gastos correntes. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Reuters)