Título: Economia: Lula insiste na cautela
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/04/2008, politica, p. A7

Porto Alegre, 4 de Abril de 2008 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a adotar um tom de mais cautela ao falar sobre a situação brasileira em meio aos problemas atravessados pelos Estados Unidos, sem assegurar que o País está imune. Apesar de considerar que o Brasil está em uma boa situação, Lula avaliou que não se pode "exagerar no otimismo" em virtude de ameaças como a turbulência no mercado norte-americano e a inflação no País. "A maior economia do mundo não está bem e temos que cuidar para que o Brasil não seja contaminado pela crise", disse Lula, que viajou a Rio Grande, no sul gaúcho, para vistoriar obras do pólo naval na cidade e no final da tarde esteve em Porto Alegre para assinar contratos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). (Ver mais sobre o PAC à página C-4). Lula aproveitou para rebater as acusações de que suas viagens pelo país relacionadas ao PAC sejam eleitoreiras. Em Porto Alegre, tomou como deixa as vaias da multidão formada em sua maioria por simpatizantes petistas contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) e repreendeu os apupos. "Se a gente transformar o PAC em uma manifestação político-partidária, ao invés de institucional, vou ter dificuldades em seguir viajando", disse Lula, avisando que assim as vaias teriam mais espaço do que o ato de assinatura de contratação do obras do PAC no Rio Grande do Sul - só ontem foram firmados acordos para aplicar R$ 691 milhões em obras e serviços de um total de R$ 16 bilhões previstos para o estado. "Tem gente que fala que em campanha. Não estou, porque a eleição é só em 2010 e não posso ser candidato." Mesmo negando o caráter político do ato, Lula não perdeu a oportunidade de alfinetar a oposição ao enumerar uma série de feitos na economia e educação como méritos do seu governo. "Eu sei que isso incomoda. Tem gente que não quer que os pobres evoluam e tenham ascensão social", disse o presidente, fazendo uma comparação com o seu passado. "Fui um bom dirigente sindical e fiz as mais importantes greves deste país. Mesmo assim nunca tive aumento real de salário, só a reposição da inflação. Hoje mais de 90% das categorias estão ganhando aumento real acima da inflação", assinalou. "Tem gente que não admite que eu faça o que estou fazendo. Vocês estão vendo lá no Congresso. Tem gente que acorda azedo e não quer votação, não quer que as coisas dêem certo." (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Caio Cigana)