Título: Governistas falham e Senado aprova convocação de Dilma
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/04/2008, Politica, p. A9

Brasília, 4 de Abril de 2008 - A blindagem governista da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, falhou. Ontem, enquanto a base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva se preocupava em atacar os tucanos na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os gastos do governo federal com os cartões corporativos e contas do tipo B, os oposicionistas aplicaram uma manobra regimental na Comissão de Infra-Estrutura (CI) Senado. Agora, Dilma vai ao Senado esclarecer questões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Alertados por assessores, os governistas correram para a comissão, mas os documentos já estavam aprovados. Foi então que a tropa de choque do governo entrou em ação para tentar reverter à convocação de Dilma. A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), teria ligado para o presidente Lula se comprometendo a resolver a situação. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), partiu para cima dos oposicionistas e reclamou da postura de Perillo. O líder peemedebista disse que não fazia sentido a comissão de infra-estrutura discutir questões dos cartões corporativos e chegou a pedir o cancelamento de todas as convocações. Jucá ameaçou levar a questão para ser discutida em plenário, onde o governo tem maioria, e acabou provocando a retirada do pedido. O senador Delcídio Amaral (PT-MS) foi uma dos principais defensores de Dilma e acusou a oposição de provocar um embate político desmedido. "Nós não vamos concordar com uma situação destas. Isto é uma insensatez. A oposição está criando uma situação que nós não sabemos onde vai parar. É preciso coerência", disse Delcídio que foi ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique. O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) justificou que recuou sobre o dossiê porque tem certeza de que a ministra será constrangida a falar sobre o episódio. Pelo Regimento do Senado, a ministra não é obrigada a abordar o tema, mas também não há restrições para que os senadores não façam questionamentos sobre o material. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), autor dos requerimentos de convocação de Dilma, rechaçou a idéia de que a convocação foi oportunismo e um ataque à possível candidatura de Dilma em 2010. Ele disse que há 14 meses a comissão a convidou para discutir sobre andamento das obras da Usina de Belo Monte. "Não será possível colocar mordaça nos senadores para impedir que eles perguntem sobre assuntos que o governo não quer abordar. Foi o próprio governo que transformou o PAC em palanque político, ao lançar a candidatura de Dilma à sucessão do presidente Lula. Ela terá de se acostumar a debater temas políticos e o Senado é uma Casa de discussões essencialmente políticas", disse ele. De acordo com a Constituição, Dilma tem 30 dias para cumprir as convocações sob pena de incorrer em crime de responsabilidade. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Márcio Falcão)