Título: Petrobras terá estaleiro em Rio Grande
Autor: Cigana,Caio
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/04/2008, Infra-estrutura, p. C5

Porto Alegre, 4 de Abril de 2008 - O dique seco construído em Rio Grande (RS), originalmente planejado para docagem, reparo e construção de plataformas, também comportará uma fábrica de cascos, que serão produzidos em série pela Petrobras. A expectativa é que a produção de cascos para plataformas receba projetos no valor de US$ 3 bilhões nos próximos dez anos, além dos US$ 5 bilhões estimados para a atividade original do dique seco. Segundo a Petrobras, será a primeira linha contínua de cascos de plataformas do tipo FPSO (produção, estocagem e exportação) no mundo. "Antes comprávamos um navio que era reformado fora do Brasil para depois receber os sistemas de produção e operação. Vamos transformar este dique seco em uma fábrica para fazer cascos em série, padronizados. Isso gera escala e reduz custos", disse ontem o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. De acordo com o executivo, o número de cascos a ser produzido nos próximos dez anos - período em que a estatal vai operar a infra-estrutura construída pela WTorre, parceira do projeto, com 20% do empreendimento - vai depender da necessidade de extração de petróleo. Gabrielli diz que o número ainda não está fechado e dependerá da programação em andamento para a produção na camada do pré-sal. De forma genérica, entretanto, chegou a estimar que poderão ser produzidos até dez cascos nos próximos dez anos, a partir de 2009. Custo médio do casco Segundo o presidente da Petrobras, o custo médio unitário de um casco fica em torno de US$ 400 milhões. "Custa mais ou menos 30% do valor de uma plataforma", observou o presidente da Petrobras, que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita ao pólo naval. O primeiro seria produzido no prazo de 36 meses e os demais teriam a duração média de 8 meses. O executivo da Petrobras lembra que, com a produção local do casco, a conteúdo nacional nas plataformas será bem maior do que os 65% exigidos. O gerente de construção naval da estatal, Alexandre Garcia, explicou que a intenção da Petrobras é produzir os cascos e depois realizar a licitação para a integração dos módulos. A concorrência poderá ter a participação de empresas estrangeiras, desde que a montagem ocorra nas instalações do dique seco, já que a Petrobras vai disponibilizar a infra-estrutura. Para Garcia, o dique seco colocará o País em condições de competitividade com os estaleiros do exterior, o que possibilitaria até a contratação de obras para outros países. Gabrielli adiantou ainda que, após os dez anos, o controle do dique seco ficará com a WTorre e a idéia é que o empurrão dado hoje pela Petrobras permita que o setor privado continue a produção sem depender diretamente da estatal. R$ 500 milhões a mais A Petrobras não informou qual seria o investimento adicional para a produção de cascos, além dos R$ 439 milhões que estão sendo aportados pela estatal (80%) e WTorre (20%) para construir o dique seco. Especula-se, entretanto, que o complemento poderia exigir pelo menos mais R$ 500 milhões. A WTorre pode ainda construir um estaleiro para pequenas embarcações em uma área adjacente ao dique. Já está definido pela Petrobras que o dique seco receberá a montagem do casco da P-55, trabalho que começará no segundo semestre. A estatal também pretende oferecer a infra-estrutura de Rio Grande para o consórcio que vencer a licitação para montar os equipamentos de produção e operação, o que deve ocorrer entre 2009 e 2011. Outra intenção é realizar em 2010 os reparos programados para a P-17, plataforma de perfuração hoje em operação na Bacia de Campo. Também no Porto de Rio Grande, no Estaleiro Rio Grande, a Quip ¿ consórcio formado por Queiroz Galvão, Ultratec e Iesa ¿ trabalha na integração dos módulos da P-53, um projeto de US$ 1,3 bilhão. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)()