Título: Cotações voltam a subir com temor de furacão no Golfo do México
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Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2004, Energia, p. A-6

O preço do petróleo manteve a alta ontem nos mercados internacionais, enquanto os operadores aguardam a chegada do furacão Ivan ao litoral sul dos EUA, a reunião da Opep e os números sobre reservas americanas, que serão divulgados hoje. Ao final da sessão regular, o preço dos contratos para outubro do óleo tipo WTI ficou em US$ 44,39 por barril na Bolsa de Mercadorias de Nova York, após subir 1,18% em relação a segunda-feira. Os contratos para outubro do óleo tipo Brent fecharam a US$ 41,73 na Bolsa Internacional de Petróleo de Londres, uma alta de 1,63%.

Os mercados de petróleo continuam atentos à evolução do furacão Ivan, que já causou pelo menos 70 mortes no Caribe e avança pelo Golfo do México para os estados sulistas dos EUA. Por causa da trajetória prevista para o furacão, inúmeras empresas petrolíferas retiraram milhares de trabalhadores das plataformas off-shore e também fecharam algumas refinarias no estado de Louisiana, como medida de precaução. Até ontem haviam sido esvaziadas 382 plataformas, ou 50% do total. A produção diária de petróleo caiu em pouco mais de um milhão de barris, que equivalem a 61,3% do total diário extraído no Golfo do México.

A produção diária de gás natural na mesma região também foi reduzida, em torno de 34%, segundo dados da agência federal Serviço de Gestão de Minerais (MMS, em inglês). Os analistas ressaltaram ontem que os preço do petróleo e outros combustíveis podem subir com força nas próximas sessões, se houver danos significativos nas plataformas marítimas e inundações graves nas refinarias. Isto alteraria a atividade nas instalações por um tempo maior que o desejável.

O efeito do furacão nos preços do petróleo seria maior que em outras ocasiões, porque as interrupções coincidem com um momento em que a oferta é muito ajustada à demanda e as reservas armazenadas estão no nível mais baixo desde março. As reservas caíram em 1,4 milhão de barris na primeira semana de setembro. Especialistas não descartam que os números que o Departamento de Energia divulga hoje reflitam uma nova diminuição.

Os mercados também estão à espera do resultado da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na qual podem revisar a produção e a evolução dos preços (ver ao lado). No entanto, os especialistas consideram que a Opep pode fazer pouco para reduzir a pressão de alta dos preços. A organização não controla fatores como a alta demanda na Ásia e em outras regiões, nem o temor por interrupções imprevistas no fornecimento do Iraque, entre outros. As ações de sabotagem continuam no país, que é membro da Opep.