Título: Alojamento de pintos é recorde
Autor: Baldi, Neila
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/04/2008, Empresas e negócios, p. C1

Apesar do preço mais alto do milho em relação ao ano passado, o alojamento de pintos no País está batendo recorde. No primeiro trimestre foram alojados 1,33 bilhão de animais - volume 8,13% superior ao do mesmo período do ano passado. A estimativa é que no semestre, sejam 2,62 bilhões de pintos - alta de 5,2%, segundo projeções da Safras & Mercado. É a maior quantidade da série histórica da consultoria. O maior volume produzido acabou trazendo reflexos para o preço do animal, mesmo em ano com exportação em alta. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no primeiro trimestre as vendas externas totalizaram 821,9 mil toneladas, volume 10,36% maior que no mesmo período de 2007, somando uma receita de US$ 1,37 bilhão - alta de 41,57%, na mesma comparação. Em relação ao mesmo período de 2007, os preços atuais do milho são 64% superiores. Mas as cotações do frango não acompanharam o mesmo resultado. De acordo com a Safras & Mercado, há um ano, o animal era cotado a R$ 1,80 o quilo em São Paulo e hoje, sai a R$ 1,25 o quilo. "O problema é que se continuou produzindo a mesma quantidade do final do ano, mesmo com um consumo interno tradicionalmente menor nos primeiros meses. Ninguém quer saber de reduzir", diz Érico Pozzer, presidente da União Brasileira da Avicultura (UBA). Segundo ele, diante de um cenário negativo em março, a perspectiva é de redução da produção em abril. A mesma opinião tem José Carlos Godoy, secretário-executivo da Associação dos Produtores de Pinto (Apinco). Segundo ele, a estimativa é de queda de 10% na produção a partir deste mês. Apesar disso, a projeção da instituição para o ano é de incremento no alojamento dos animais, uma vez que a capacidade de produção instalada é cerca de 8% maior que do ano passado. Em 2007, foram alojados 2,5 bilhões de pintos. Pozzer acrescenta que uma eventual redução nos volumes produzidos possa reestabelecer um "equilíbrio entre oferta e demanda" e, com isso, haver reação nos preços dos animais. Para o diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, o que motivou o aumento do alojamento dos pintos no primeiro trimestre deste ano foi a demanda externa. "E a projeção é que continue elevada", afirma. De acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em março o volume embarcado chegou a 294,8 mil toneladas, somando US$ 501,4 milhões. Os números oficiais do setor serão divulgados esta semana pela Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), quando o ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, será oficializado como presidente da instituição. Prejuízo Para Godoy, a produção a partir de agora deverá ser influenciada pelos preços. "A demanda existe, mas o valor pago não compensa. Não se consegue repassar o preço", diz. O presidente da Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas Paraná (Avipar), Domingos Martins, diz que quem trabalha apenas com o interno terá de reduzir a produção. "Por outro lado, quem exporta está feliz da vida", diz. Na avaliação da associação, as empresas que têm até 35% da produção destinada ao mercado externo estão empatando os resultados com os custos. No entanto, aquelas cuja produção é voltada basicamente para o mercado interno, estão tendo prejuízos. Ele lembra também que a carne de frango tem sofrido concorrência com a suína no mercado interno. As projeções da Safras & Mercado já indicam em abril uma redução nos alojamentos. De acordo com os dados da consultoria em janeiro foram alojados 459,9 milhões de animais. Número que chegou a 450 milhões no mês passado e que deve atingir 435 milhões de cabeças em abril. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)()