Título: PF garante investigação isenta
Autor: Vasconcelo Quadros
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/04/2008, Nacional, p. A8

Brasília, 8 de Abril de 2008 - A Polícia Federal abriu, ontem, o inquérito que vai apurar o vazamento de informações sigilosas sobre gastos com cartões corporativos nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. As investigações serão chefiadas pelo delegado Sérgio Barboza de Menezes, segundo homem na hierarquia de comando na Superintendência de Brasília. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que a Polícia Federal vai concentrar as investigações no vazamento do dossiê , mas não vai apurar o responsável pela montagem do dossiê. O foco é o vazamento, a violação dos computadores e o possível envolvimento de funcionários do Palácio do Planalto com a quebra de sigilo funcional, mas a apuração pode não ficar restrita a essas três linhas. Subordinado apenas ao judiciário depois que o inquérito é instaurado, o delegado tem liberdade para direcionar a investigação para qualquer lado, desde que surjam indícios de outros delitos, como o objetivo do vazamento. A Polícia Federal não está preocupada em tratar o conteúdo do vazamento como dossiê ou banco de dados e, por enquanto, nem com o possível uso político do episódio. Além de periciar os computadores, tomar o depoimento de funcionários, o delegado poderá ouvir também políticos que tiveram seus nomes citados no caso. Um deles pode ser o deputado Raul Jungmann, ex-ministro da Reforma Agrária do governo FH. Ele é citado no levantamento de gastos e, na semana passada, pediu a abertura de inquérito por meio de ofício encaminhado à Polícia Federal em Pernambuco. Jungmann já virou alvo de auditoria aberta ontem pela Controladoria Geral da União (CGU) para apurar gastos com massagem no Rio de Janeiro e alimentação em Brasília, incompatíveis com a natureza dos cartões corporativos ou pelos gastos tipo B, que prevê ressarcimento de notas fiscais. Se o deputado não justificar as despesas, a CGU vai pedir a devolução do dinheiro, como fez com os ministros de Lula logo que o escândalo dos cartões veio à tona. O deputado ficou sabendo da auditoria pelo ministro Jorge Hage, da CGU, e disse que nada tem a esconder. Na nota que distribuiu, não explica os gastos, mas pediu que o procedimento seja estendido a outros ministros do atual governo e às contas do próprio presidente Lula. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(