Título: Megaportos mudarão transporte no País
Autor: Valim, Carlos Eduardo
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/04/2008, Nacional, p. A5

O Brasil está na metade do caminho para construir uma estrutura de portos que vai mudar a face da logística do País. O elemento central para a mudança é a construção de megaportos, com capacidade de atracar navios gigantes, que escoarão contêineres e produtos em navios menores para os pequenos portos, que atualmente são 57, segundo vice-presidente da Transroll Navegação e presidente do conselho da Santos-Brasil, Richard Klien, que participou na última sexta-feira da 11 MIT Sloan Latin Conference. O evento foi realizado nos dias 4 e 5 de abril em Cambridge (EUA), pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) em parceria com a Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), por meio dos jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Esses megaportos seriam os primeiros da América Latina e teriam condições de colocar a região dentro do fluxo principal de comércio internacional, que hoje passa apenas pelo Hemisfério Norte, defendeu. "O comércio americano poderá chegar ao Brasil no Ceará, depois passar por Santos e desembarcar no Rio Grande do Sul. São duas ou três paradas ante as 25 que acontecem hoje", disse. Ele compara o momento do Brasil com o da China. Um supernavio pode levar oito dias para sair da Ásia e chegar a Califórnia, enquanto um produto do Sul do Brasil demoraria 22 dias para navegar até Nova York. "Hoje a China está mais perto dos Estados Unidos que a América do Sul", comentou Klien, reiterando seu otimismo quanto ao futuro do País. "Pela primeira vez, desde que atuo no setor, vejo um plano governamental de longo prazo". Em 2005, 58% de todo o transporte brasileiro era feito por rodovias, e o plano é baixar para 33% em 2025. "É difícil explicar como um país com 5 mil quilômetros de costa depende tanto do transporte por caminhões", afirmou. Ele exemplifica com o caso do arroz, que há quatro anos trafegava das áreas produtoras, no Rio Grande do Sul, para o Nordeste por rodovias, e agora viaja por navegação. "Hoje nenhum grão vai mais por caminhões". Com isso, os 5% de perdas da produção que acontecia no transporte foi reduzida a praticamente zero, permitindo a redução do custo final ao consumidor do Nordeste. "A chegada de grandes navios permitirá a redução de custos." O empresário contou que o setor está discutindo com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e com o ministro dos Portos, Pedro Brito, sobre a criação de um megaporto na Baía de Guanabara, que possui espaço suficiente. "O megaporto terá capacidade de 5 milhões de contêineres/ano, o total que o Brasil pode receber por ano e um quarto de Cingapura". Na última segunda, a Companhia Docas do Rio de Janeiro aprovou o projeto. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)()