Título: Congresso esquece reformas para discutir gastos com cartões
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/04/2008, Politica, p. A9

O embate entre governo e oposição em torno dos gastos com cartões corporativos continua, nesta semana, como o centro das discussões no Congresso, a despeito de matérias como as reformas política e tributária. Depois de ver derrubada todas as alternativas lançadas para incomodar o Palácio do Planalto na CPMI dos Cartões, a oposição espera a criação amanhã de uma CPI dos Cartões exclusiva do Senado, promessa ou ameaça reiterada pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e do DEM, José Agripino Maia (RN) na semana passada. Tucanos e democratas acreditam conseguir o apoio da maioria para começar a analisar a origem do dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e avançar nas investigações do mau uso dos cartões e das contas "tipo b". A iniciativa para a formação de uma nova comissão de inquérito, no entanto, não conta com o aval do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Para o presidente do Senado, o melhor a ser feito é uma apreciação de requerimentos que permita uma investigação mais consistente, por meio de consenso. "Já existe uma (CPI) mista, o que vai acontecer? Duas CPIs tratando do mesmo assunto, ocupando o mesmo espaço e colaborando para que a investigação não vá à frente?", argumentou Garibaldi. No Senado, outra expectativa está na Comissão de Infra-estrutura. Senadores aguardam a resposta de quando Dilma irá à comissão falar sobre o PAC. Na semana passada, sem conseguir convocar Dilma na CPMI dos cartões, a oposição conseguiu aprovar a convocação da ministra para a CI. Os senadores poderão questioná-la sobre qualquer assunto, mas a ministra não será obrigada a responder. Na pauta dos deputados, a mudança na tramitação das medidas provisórias e a definição da relatoria da reforma tributária ganham espaço. Amanhã, o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) deve apresentar seu parecer com as alterações para a mudança da edição das MPs. O peemedebista sugere entre outros itens o fim do trancamento da pauta e a ampliação do prazo de vigência para 175 dias. A proposta de Picciani é polêmica e não agrada nem oposição nem governo, mas cai bem para as ambições do PMDB liderado por Anthony Garotinho, ex-governador do Rio. Para acelerar a análise da matéria no Congresso, os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e das Relações Institucionais, José Múcio, visitaram o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e levaram o compromisso do governo diminuir a edição de MPs até o próximo dia 15, o que permitiria ao Congresso pelo menos um mês para votar propostas de iniciativa do Legislativo. Nesta semana, só na Câmara são 11 MPs na pauta. Após a aprovação na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o debate da reforma tributária fica trancado pela indicação do relator que deve ser indicado por Chinaglia até quinta-feira. Há uma disputa entre dois deputados da base: Antonio Palocci(PT-SP) e Sandro Mabel (PR-GO). Para resolver o racha, PT e PMDB - que indicou Edinho Bez (SC) para a presidência da comissão especial - defendem a relatoria compartilhada. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)()

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