Título: Chávez quer estatizar setor de cimento e empresas protestam
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Fonte: Gazeta Mercantil, 07/04/2008, Internacional, p. A14

Caracas, N. York e Cidade do México, 7 de Abril de 2008 - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pretende desapropriar as empresas de cimento do país, ameaçando os ativos da maior fabricante do produto do país, a mexicana Cemex SAB. "A partir de agora, todas as medidas legais e econômicas devem ser adotadas para a nacionalização da indústria nacional de cimento no curto prazo", disse Chávez em comunicado divulgado pelo Ministério das Comunicações. Já na sexta-feira, as ações da Cemex registraram a maior queda no índice da Bolsa do México. "Isso é negativo e terá um impacto de curto prazo sobre as ações", disse Rogelio Gallegos, que auxilia na administração do equivalente a US$ 320 milhões em ativos na Actinver SA da Cidade do México. "O principal receio no momento é o valor da indenização que a Cemex poderá receber da Venezuela em caso de nacionalização. A avaliação dos ativos pode ser bastante baixa." Na Cidade do México, o ministro mexicano da Fazenda, Agustín Carstens, disse que os direitos das empresas mexicanas "têm de ser respeitados". Carstens disse que tentará conversar com o ministro da Fazenda da Venezuela durante reunião de ministros da Fazenda de vários países, que acontecerá em Washington nesta primavera (que no Hemisfério Norte vai de março a junho). "Direi que os direitos das empresas mexicanas, na posição de investidoras estrangeiras, devem ser respeitados", disse Carstens em entrevista concedida na sexta-feira à rede Televisa, de Acapulco. Outras empresas A medida também afeta a francesa Lafarge SA e a suíça Holcim Ltd. Muitas fabricantes de cimento estão poluindo o meio ambiente e não conseguiram investir em novas tecnologias, disse Chávez. O governo venezuelano pagará aos proprietários dessas fábricas "o valor que for preciso" e atualizará suas instalações, disse ele. A Venezuela encampou a fábrica da Cementos Andinos da colombiana Cementos Argos SA em 2007. Chávez já nacionalizou os setores de telefonia e energia elétrica e aumentou o controle do Estado sobre o setor petrolífero como parte de uma iniciativa em prol do que ele chama de "socialismo do século XXI". No ano passado, o governo da Venezuela gastou bilhões de dólares nas tomadas de controle das empresas desses setores e está participando de um painel de arbitragem juntamente com a ConocoPhillips e a Exxon Mobil Corp. a respeito de pagamentos relativos a joint-ventures petrolíferas. Chávez disse que proibirá as exportações de asfalto e que limitará remessas de alimentos para o exterior como parte de seus esforços para conter a escassez de produtos em meio ao crescimento do país, o mais acelerado das Américas. Chávez acusou fornecedoras de materiais para construção de deterem um monopólio e provocarem a desaceleração das obras de construção de residências e estradas. A Cemex é a maior fornecedora interna de cimento e de mistura pronta de concreto da Venezuela, com uma capacidade anual de produção de cimento de 4,6 milhões de toneladas, segundo seu site. Uma subsidiária local, a Cemex Venezuela SACA, tinha valor de mercado de 1,18 bilhão de bolívares (US$ 547 milhões) na abertura dos pregões de hoje. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(Bloomberg News e Reuters)