Título: Papéis de telecomunicações devem manter volatilidade
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/04/2008, GazetaInveste, p. B4
A proximidade de fechamento do acordo de compra da Brasil Telecom pela Oi (antiga Telemar) deve trazer ainda mais volatilidade ao setor de telecomunicações na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Os analistas afirmam que a volatilidade nos papéis de telecom se deve principalmente à divulgação contínua de fatos relacionados à transação e não aos fundamentos econômicos das duas empresas envolvidas. Para o investidor que quer apostar nos papéis das teles, a palavra de ordem para o curto prazo é cautela. "O setor de telecom está passando por grandes transformações devido às consolidações e às mudanças regulatórias complexas. É difícil acertar quem serão os grandes vencedores e os grandes perdedores neste momento, porque existem muitas incertezas", avalia a analista de telecomunicações da Fator Corretora, Jacqueline Lison. A analista da Fator Corretora dá recomendação de compra para os papéis da Brasil Telecom Participações. "Para o investidor com horizonte de curto prazo, a melhor maneira de diluir os riscos da oscilação dos papéis das teles é montar um portfólio com ações de telefonia móvel e fixa", aconselha Jacqueline. "Já para o investidor que mira no longo prazo, o importante é verificar os fundamentos econômicos das empresas, que, no caso de Brasil Telecom e Oi, são sólidos", completa. A possibilidade de compra da Brasil Telecom pela Oi vem sendo levantada mais fortemente a partir de 2006. Neste período, a Oi tentou sem sucesso fazer uma reorganização societária e a Brasil Telecom conseguiu por fim a um conflito societário com a saída da Telecom Italia. No início de 2008 as negociações ficaram mais intensas e no final de março foi transposto o último obstáculo entre as duas empresas: o Citigroup e o Opportunity (acionistas de ambas empresas) chegaram a um acordo em relação às suas disputas na justiça. No entanto, o acordo ainda depende de mudanças na legislação de telecomunicações e da aprovação dos órgãos regulatórios. O analista da Win, home broker da corretora Alpes, Fausto Gouveia, espera um movimento forte de correção nas ações da Brasil Telecom e da Oi. "Estes papéis já subiram bastante com o anúncio do acordo de compra da Brasil Telecom pela Oi e devem sofrer correção", diz. "Os papéis da Brasil Telecom têm maior atratividade do que os da Oi, porque estes últimos foram penalizados pelos recentes conflitos entre os acionistas minoritários. A sinergia entre as duas empresas também trará ganho de receita para elas, visto que haverá corte nas despesas com a eliminação de setores duplicados", estima. O vice-presidente e analista sênior da agência de classificação de risco Moody¿s, Richard Sippli, acredita que a aquisição da Brasil Telecom pela Oi será benéfica para o mercado nacional de telecomunicações. "As perspectivas para o setor são de acirramento na concorrência, surgimento de novas tecnologias e aumento de investimentos", avalia Sippli. O vice-presidente da Moody¿s estima que os próximos três anos serão de fortes mudanças no setor de telecomunicações, incluindo reestruturações e acordos de fusão e aquisição. "Após a aquisição da Brasil Telecom pela Oi as outras empresas concorrentes vão começar a se mexer", estima. A Moody¿s concedeu o rating de emissor Ba1 nas escala global da Brasil Telecom, em revisão para possível elevação, atribuindo o rating " à realização de margens positivas no segmento de telefonia móvel da companhia, os esforços para redução de custos e a manutenção de indicadores financeiros fortes". Na escala nacional, a Moody¿s concedeu rating Aa1.br para a Brasil Telecom devido "à qualidade de crédito da empresa em relação aos demais emissores do mercado doméstico". (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)()