Título: Com mais poderes, Eletrobrás comandará suas controladas
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2008, Nacional, p. A5

O governo quer transformar a Eletrobrás em uma estatal nos moldes da Petrobras para atuar na área de geração e transmissão de energia elétrica. Ontem o diário Oficial da União veiculou a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à lei que permite que a Eletrobrás amplie a sua participação em empreendimentos no País, onde poderá ser majoritária na formação de consórcios, e também possa atuar no exterior. As duas ações não eram permitidas pela legislação anterior. A medida sofre resistência por parte da iniciativa privada, que vê na atitude do governo uma sinalização de reestatização do setor elétrico. O temor de alguns analistas é que o governo passe a concorrer em leilões com a iniciativa privada e afugente futuros investidores. O governo nega que pretenda disputar investimentos com empresas privadas e afirma que a intenção é a de garantir novos recursos na construção de hidrelétricas e na transmissão dessa energia. "O Congresso deu uma metralhadora com bala para o governo. Se ele vai atirar é outra coisa. Dá pra acreditar que o governo não vai fazer?", pergunta o especialista no setor, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura. Para ele, o exemplo da Petrobras que comprou a Ipiranga e negocia a aquisição de ativos da Esso mostra o apetite reestatizante do governo. Pires explica que como o governo não tem compromisso com a taxa de retorno de seus investimentos, como uma empresa de particulares, poderá pressionar as tarifas para baixo. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o governo não será majoritário em futuros leilões e citou o da usina de Jirau, no rio Madeira, que deverá ir a leilão no próximo mês. "Vamos participar como minoritários, porque acreditamos que terá interesse da iniciativa privada", disse o ministro. Lobão, no entanto, não revelou qual o será o preço teto da energia estipulado pelo governo para o pregão. A pretensão de transformar a empresa de eletricidade em uma holding que possa fazer investimentos no exterior e ajude a segurar os preços da energia elétrica dentro do País passa por uma reestruturação do sistema Eletrobrás. Esse processo faz parte de um plano estratégico do governo que começou a ser esboçado ainda na primeira legislatura de Lula, quando a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, comandava a pasta de Minas e Energia. O problema, reconhecido pelo próprio ministro, é que a Eletrobrás, na prática, não comanda as suas controladas. Lobão disse que isso vai mudar e que o governo já está trabalhando neste sentido. "Vamos estabelecer um controle maior sobre as subsidiárias", disse Lobão. Lucro cresce em 2007 A Eletrobrás lucrou R$ 1,547 bilhão em 2007, aumento de 33% sobre 2006. Segundo balanço do grupo, o resultado poderia ser melhor caso a holding não tivesse registrado, em 2007, fortes perdas cambiais, de R$ 3 bilhões, em função da desvalorização do dólar frente ao real. Em 2006, a companhia reconheceu perdas de R$ 1,599 bilhão, de acordo com o balanço. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)()