Título: Metas do Milênio podem estar ameaçadas
Autor: Exman, Fernando
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2008, Internacional, p. A14

A grande dificuldade enfrentada pelo Brasil em relação ao cumprimento dos Objetivos do Milênio é crescer sem agredir o meio ambiente. A conclusão é do consultor e autor do Relatório de Supervisão Global, Zia Qureshi, divulgado ontem pelo Banco Mundial (Bird) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "No Brasil, o maior desafio é a sustentabilidade ambiental", disse. O Relatório de Supervisão Global faz uma radiografia sobre a execução dos Objetivos do Milênio, metas sócio-ambientais definidas no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) que devem ser alcançadas até 2015 para promover o desenvolvimento. Segundo Bird e FMI, ainda falta muito para reduzir a fome, doenças e o aquecimento global. Há também compromissos para a promoção da educação e do desenvolvimento econômico dos países mais pobres. O documento destaca que o Brasil foi o país que mais desmatou entre 2000 e 2005. Foram derrubados 31 mil quilômetros quadrados de floresta no período. A Indonésia segue em segundo lugar, com 18,7 mil km devastados. A Venezuela (2,9 km) ocupa o décimo lugar entre os 10 países que mais desmataram. Para FMI e Bird, o desmatamento no Brasil é incentivado pelo aumento da demanda por soja e carne. Segundo os órgãos internacionais, a América Latina tem respeitado mais o programa do que a ÿfrica e a ÿsia. Mesmo assim, a região precisa reduzir a mortalidade infantil e o número de mortes relacionados ao parto. De acordo com o relatório, 75 milhões de crianças estão fora da escola em todo o mundo. Toda semana, 10 mil mulheres não resistem a complicações no parto e 190 mil crianças abaixo de cinco anos morrem por causa de doenças. Por ano, cerca de 2 milhões de pessoas morrem de Aids. Diretor adjunto para Políticas para o Desenvolvimento do FMI, Mark Plant ressaltou que a crise financeira cria ainda maiores dificuldades para o cumprimento das Metas do Milênio. Para ele, apesar de a alta da cotação das commodities representar uma boa oportunidade para a conclusão da Rodada Doha de liberalização comercial promovida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), o aumento dos preços dos alimentos e da energia tende a ser mais prejudicial para os mais pobres. Com essa escalada, os países desenvolvidos precisam desembolsar menos subsídios para seus produtores locais e podem abrir mais seus mercados com a finalidade de combater a inflação. Reunião do G7 O relatório de ontem foi divulgado alguns dias antes de os ministros da Fazenda e os presidentes dos bancos centrais dos 185 países membros do FMI se reunirem em Washington para as reuniões de primavera do Fundo e do Banco Mundial. A primavera ocorre de março a junho no Hemisfério Norte. As autoridades área econômica das nações que compõem o Grupo dos Sete países mais desenvolvidos do mundo (G7) vão se reunir no próximo dia 11. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(e Bloomberg News)