Título: Ministros pedem mudanças no BID
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2008, Finanças, p. B2

Miami, 9 de Abril de 2008 - Os ministros de economia da América Latina reivindicaram ontem a modernização do BID (Banco -------------------------------------------------------------------------------- Organizações, Empresas e Entidades Pessoas Datas Valores Localidades --------------------------------------------------------------------------------

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Miami, 9 de Abril de 2008 - Os ministros de economia da América Latina reivindicaram ontem a modernização do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para que o organismo passe a contar com ferramentas financeiras que permitam fazer frente às turbulências que ameaçam à região. A solicitação para que o BID, que completará 50 anos em 2009, se transforme em uma entidade mais adequada às mudanças, ocorreu durante a 49ª Assembléia Anual de Governadores do organismo multilateral. O BID, que em sua reunião em Miami analisou os efeitos das turbulências financeiras por conta da crise iniciada no setor de créditos hipotecários nos Estados Unidos, deverá apontar novas bases para mudanças estruturais e de procedimento em sua próxima assembléia em Medellín, na Colômbia. Brasil e México, duas das sete maiores economias da região, expressaram que o organismo multilateral deve reformar o marco de financiamento e as modalidades de crédito para respaldar os países, caso o acesso aos mercados de capital "se torne desfavorável". Paulo Bernardo, ministro do Planejamento do Brasil, advertiu inclusive que a procura por financiamento do BID supera seu limite anual de empréstimos em US$ 8 bilhões. "Isso significa, senhores, que a capacidade creditícia do banco está comprometida em um momento crítico para a região. Recomendamos à administração que promova um debate imediato sobre alternativas financeiras que aumentem a capacidade de intervenção do banco", argumentou o ministro. O BID atingiu um recorde histórico em seu programa de empréstimos ao aprovar US$ 9,6 bilhões, em 2007, segundo o relatório anual do organismo, divulgado na segunda-feira na assembléia. Paulo Bernardo manifestou-se a favor de que no BID haja condições competitivas de crédito, em termos de custo e de prazo, para que o setor privado contribua para o crescimento sustentável. O ministro também propôs aumentar, gradualmente, a abertura para "o financiamento sem garantia soberana" e reiterou a importância de criar instrumentos em moeda local com prazos e custos atrativos para os clientes públicos e privados do banco. Além disso, recomendou que, a partir do exemplo do Banco Mundial, o BID avance na adoção de sistemas nacionais na execução de suas operações, com o objetivo de reduzir seus custos não financeiros. Agustín Carstens, secretário da Fazenda do México, alertou que perante a deterioração do contexto econômico internacional, o BID pode jogar um "papel proativo para apoiar as políticas econômicas nacionais que os governos de cada país pretendem realizar". Recalçou a necessidade de adequar às condições atuais o marco de financiamento do organismo multilateral e suas opções de crédito. Setores O banco, sugeriu Carstens, deve redobrar seus esforços para induzir o financiamento privado para setores que no curto prazo impactam de maneira propícia a atividade econômica, como a infra-estrutura e a habitação. Oscar Ivan Zuluaga, ministro da Fazenda da Colômbia, explicou que o BID desde o começo do novo milênio precisou redefinir seu papel e assim o fez mediante ferramentas conjunturais como são os marcos de financiamento. "Embora a finalidade tenha sido boa e tenha servido para determinar a oferta creditícia do banco, pede ainda uma visão de longo prazo", sugeriu. O ministro colombiano enumerou várias alternativas para que o BID permaneça avançando em direção ao futuro: contar com produtos em moeda local, esquemas de desembolso flexíveis e programação de amortizações dentro dos prazos dos produtos. "Consideramos que a oferta de empréstimos e de reforma de políticas deve ser garantida como veículos contra-ciclos e como apoio a reformas e programas setoriais. Os empréstimos de investimento devem ser cada vez mais efetivos", assinalou o ministro colombiano. Em sua opinião, um produto creditício com altas taxas de juros e um período de amortização de cinco anos com dois anos de tolerância, como opera atualmente, "é pouco efetivo como meio de resposta em momentos de crise. Pensar em um produto cujo vencimento varie entre sete e dez anos seria o recomendável". "Atualmente, o BID se prepara para a discussão de um novo marco de financiamento que cubra o período 2009-2012. Esta é uma oportunidade para fixar uma visão de longo prazo frente aos 50 anos da instituição", recomendou Zuluaga. Desembolsos O BID aprovou US$ 9,6 bilhões de financiamento no ano passado, dos quais US$ 5,7 bilhões serão destinados a projetos de infra-estrutura e competitividade em áreas como transporte, energia e portos em zonas de intensa atividade exportadora. Os projetos voltados para o combate à pobreza superaram os US$ 2,7 bilhões, 30% do volume total de empréstimos do BID. As operações de empréstimos ao setor privado sem garantias governamentais expandiram, chegando aos US$ 2,3 bilhões para 29 projetos em 2007. Os desembolsos em 2007 somaram cerca de US$ 7,6 bilhões, "o número mais alto dos últimos quatro anos". (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(EFE)