Título: Dólar baixo altera padrão de avanço dos setores econômicos
Autor: Carvalho, Jiane
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2008, Finança, p. B3

São Paulo, 9 de Abril de 2008 - O movimento de queda acentuada do dólar nos últimos anos, associado ao aumento da renda -------------------------------------------------------------------------------- Organizações, Empresas e Entidades Pessoas Datas Valores Localidades --------------------------------------------------------------------------------

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São Paulo, 9 de Abril de 2008 - O movimento de queda acentuada do dólar nos últimos anos, associado ao aumento da renda e do nível de emprego, tiraram da indústria o posto de setor de maior crescimento na economia brasileira. Ao analisar 1.600 balanços de empresas, a Serasa - empresa de análise de crédito adquirida no ano passado pela Experian - constatou que entre 2000 e 2007 o setor de comércio foi o que mais cresceu, seguido pela indústria, em segundo e, em terceiro, por serviços. Segundo o estudo da Serasa, no período analisado dois setores cresceram acima do PIB brasileiro, segundo dados já deflacionados pelo IGP-M. Enquanto o PIB brasileiro entre 2000 e 2007 avançou 30,8%, o setor de comércio cresceu 51,9% e a indústria 43,2%. Já o setor de serviços, apesar de ter ganho importância na economia, foi o único que cresceu ligeiramente abaixo do PIB, com expansão de 30,4%. O gerente de análise de crédito da Serasa e coordenador do estudo, Marcio Ferreira Torres, explica a posição alcançada pelo setor de serviços, lembrando a retração econômica em 2003. "Logo após o presidente Lula assumir a presidência, houve uma puxada forte nos juros que derrubou a atividade, com um desempenho no ano muito ruim do segmento de energia", diz Torres. Só o setor de energia responde por algo próximo de 25% do ramo de serviços. O estudo da Serasa, realizado regularmente há 10 anos, mostra também uma mudança no padrão de crescimento dos setores. "A indústria vinha muito bem até final de 2004, começo de 2005, quando o movimento forte de queda do dólar enfraqueceu alguns setores exportadores e também elevou a concorrência com os importados", explica o coordenador do estudo. Só entre 2004 e o final do ano passado, a queda acumulada do dólar chegou a 44%. "Associada a isto, a melhora no nível de emprego da população, da renda e do maior acesso ao crédito promoveu um avanço forte no setor de comércio, o de maior crescimento no período analisado." Quando avaliados os balanços das empresas apenas em 2007, o crescimento forte da demanda interna, com uma Selic estável a 11,25%, a indústria retoma o primeiro posto em crescimento, com expansão de 10,7%. "No ano passado, o setor de automóveis nunca produziu tanto, o que também puxou para cima a siderurgia, compensando com muita sobre o desempenho ruim dos setores têxtil e de papel e celulose", explica. Enquanto veículos e autopeças cresceu 24% em 2007 e a siderurgia 14%, papel e celulose caiu 2,3% e têxtil avançou apenas 1,2%. No ano passado, o comércio evoluiu 7,8%, com a venda de veículos e peças crescendo 28%, alinhado com o bom desempenho da indústria automobilística. Medicamentos e perfumaria avançou 12% e vestuário outros 15%. "Isto é um sinal claro da importância do crescimento da renda do brasileiro, que direciona recursos para setores não essenciais." No ramo de serviços, cujo avanço na receita foi de 5,8% em 2007, os destaques são os setores de energia, com alta de 3,8%, telefonia celular, com avanço de 19,6%. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)()