Título: Preço faz cair consumo de gasolina nos EUA
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Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2008, Infra-estrutura, p. C3
Os preços recordes da gasolina e a retração na economia norte-americana reduzirão a demanda por gasolina durante o verão nos Estados Unidos pela primeira vez em 17 anos, informou ontem a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês). Os preços da gasolina nos EUA atingirão o pico mensal de mais de US$ 3,60 o galão em junho, o que ajudaria a reduzir a demanda automotiva em 0,4% durante o período - que coincide com a alta temporada de viagens de carro no país -, em comparação à temporada anterior, segundo a EIA. O órgão estimou que a demanda por gasolina durante o verão norte-americano será 36 mil barris por dia menor, somando 9.404 milhões de barris por dia - o que representa a primeira queda no consumo desde 1991. Os consumidores pagarão em média US$ 3,54 o galão durante o período, que vai de abril até setembro, US$ 0,61 centavos acima do valor pago no ano passado, segundo a EIA. No entanto, a entidade alertou que os preços da gasolina em algumas partes dos Estados Unidos "superarão a barrei-ra dos US$ 4 o galão". "Estas projeções para os preços no varejo refletem os custos médios mais elevados das refinarias com a aquisição de petróleo bruto, cuja média projetada deve atingir aproximadamente US$ 97 o barril, ante US$ 67 o barril no verão passado", acrescentou. Apenas em maio e junho, o preço médio do petróleo nos EUA deve chegar a US$ 103 o barril, segundo a EIA. O preço da commodity corresponde a 70% do custo de produção da gasolina. Os caminhoneiros dos Estados Unidos serão os mais afetados, com o preço do diesel atingindo em média US$ 3,73 o galão neste verão, recebendo um incremento de US$ 0,88 centavos sobre os preços do ano passado. A EIA espera que os preços mensais do diesel atinjam o pico de US$ 3,90 o galão em abril. Declínio na economia Os preços elevados da gasolina reduzem a quantidade de dinheiro disponível dos consumidores para a compra de outros bens e serviços, prejudicando a economia dos EUA. A EIA prevê um declínio na economia norte-americana no primeiro semestre deste ano, seguido por uma melhora na segunda metade de 2008, acumulando um crescimento anual de 1,2%, menor taxa desde 2001. A agência notou que a distribuição de cheques do governo a partir de maio, com o objetivo de estimular a economia, "devem ampliar a renda disponível, mas não devem ter um impacto significativo dobre o consumo de gasolina por automóveis." Os preços da gasolina atingirão preços recordes mesmo com oferta abundante do combustível. No Brasil, preço é mais alto No Brasil, apesar da estratégia da Petrobras em não repassar a volatilidade dos custos do petróleo para os combustíveis, o consumidor ainda paga pela gasolina o dobro do preço da commodity vendida nos postos norte-americanos. Aqui, o valor em dólar do litro da gasolina está em torno de US$ 1,45, enquanto que nas bombas dos EUA o preço atual gira em cerca de US$ 0,70 o litro (ou US$ 2,67 por galão de 3,78 litros. Petróleo recua em NY Os preços do petróleo fecharam em baixa ontem, pressionados por realizações de lucros, alta do dólar e expectativas de que o governo norte-americano divulgue mais um crescimento nos estoques da commodity. No pregão da bolsa de Nova York (Nymex), o contrato para maio caiu US$ 0,59, para US$ 108,50, um dia após um incêndio em uma refinaria européia impulsionar a commodity em US$ 3. Em Londres, o petróleo tipo Brent recuou US$ 0,80, para US$ 106,34. "Parece que o fortalecimento do dólar está ajudando a pressionar o petróleo. O mercado de petróleo não conseguiu manter a alta e está realizando lucro", disse Tom Bentz, do BNP Paribas Commodity Futures. O dólar subiu frente uma cesta de moedas, seguindo as crescentes expectativas de que uma desaceleração da economia norte-americana possa atingir outros países e obrigar seus bancos centrais a cortarem juros. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Reuters)