Título: Mantega aceita rever dívida do crédito rural
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2008, Agronegocios, p. C8
O Governo Federal reduziu os juros das dívidas de custeio de 8,75% anuais para 6,75% anuais, se rendendo mais uma vez ao lobby dos deputados da bancada ruralista. As mudanças serão publicadas em uma Medida Provisória a ser editada pelo governo nas próximas semanas. A proposta oficial, a qual reconhece débitos do campo de R$ 87,5 bilhões, deve ser anunciada nesta quarta-feira. A decisão foi anunciada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião realizada na sede do ministério, com a presença do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes e parlamentares da bancada ruralista do Congresso Nacional. As discussões concentraram-se principalmente nos débitos de custeio e de investimento já rolados anteriormente. Ficou decidido que os produtores rurais do Rio Grande do Sul, onde foram castigados pelo clima seco na safra 2004, e os do Mato Grosso, prejudicados pelos gargalos turísticos teriam um tratamento especial em relação aos dos demais estados. O ministro Mantega aceitou conceder um adicional de dois ou três anos no prazo para o pagamento dos débitos de custeio e de investimento para os produtores rurais de ambos estados. Após a reunião, que durou cerca de três horas, Stephanes comemorou os avanços obtidos nas discussões entre as partes. Entre disse que o ministro da Fazenda aceitou a reduzir a taxa de juro dos custeios rolados anteriormente de 8,75%, na proposta anterior para 6,75% anuais. "Existem vinte itens com juros diferentes; posso garantir apenas que os de custeio que eram de 8,75% caíram para 6,75%", avisou o ministro Stephanes. Ele disse ainda que os estados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul serão tratados de "forma pontuais, pelo fato de os produtores terem sidos prejudicados tanto pelo clima seco como por problemas logísticos". Tratamento semelhante, disse, terão as culturas de arroz, fruticultura e suinicultura e camarão. O ministro Stephanes acrescentou que as medidas atingirão uma parte renegociável de R$ 56 bilhões, o que seria a maior rolagem de dívidas agrícolas do governo Lula. Entretanto, na semana anterior, a equipe econômica do governo já havia indicado que o governo daria um tratamento especial a débitos de R$ 66 bilhões dos R$ 87,5 bilhões. Já o deputado Homero Pereira (PR-MT) acredita que a proposta deve partir dos R$ 66 bilhões. Inclusive, disse Pereira, "precisamos de medidas para o total da dívida de R$ 87,5 bilhões". O ministro Mantega disse na reunião, segundo os parlamentares, reconhecer a importância do setor agrícola para a economia brasileira e está trabalhando para concluir a proposta. O ministro destacou ainda a demanda mundial crescente por produtos agrícolas e o Brasil tem o potencial de suprimir tal consumo. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)()
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