Título: Preço-teto de Jirau fica em R$ 91 o MWh
Autor: Monteiro, Ricardo Rego
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/04/2008, Infra-estrutura, p. C3

Rio, 11 de Abril de 2008 - O ministério de Minas e Energia definiu ontem em R$ 91 por megawatt-hora (MWh) o preço-teto da energia gerada pela usina de Jirau, a segunda hidrelétrica do Complexo Madeira, que será construída em Rondônia, até 2013, segundo planos do governo federal. Responsável pela decisão, o ministro Edson Lobão justificou o valor - que contraria recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU) para R$ 85 o MWh - como uma forma de assegurar a atratividade do leilão da usina, confirmado ontem para o próximo dia 12 de maio. Com potência instalada prevista de 3.300 megawatts (MW), a hidrelétrica só poderá gerar, no entanto, 1.975,3 MW, como forma de poupar o território da Bolívia, também banhado pelo Rio Madeira, de futuras inundações. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o edital do leilão, que deverá ser publicado hoje no Diário Oficial da União. Além de definir o preço e a carga prevista para a usina, o documento confirma a data e a modalidade da disputa. Previsto ser realizado em Brasília, o leilão em sistema eletrônico será fechado. Com 44 turbinas, instaladas ao longo de 258 quilômetros de área, a usina demandará R$ 8,7 bilhões de investimentos do consórcio vencedor. Interligação do sistema A hidrelétrica de Jirau é a segunda do complexo do Rio Madeira, que também inclui a hidrelétrica de Santo Antônio. Além de ampliar a capacidade instalada do País, o empreendimento permitirá a interligação do sistema isolado da região Norte por meio de investimentos previstos no aumento do sistema de transmissão até as regiões Centro Oeste e Sudeste. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao ministério de Minas e Energia, Mauricio Tolmasquim, esclareceu que a decisão de reduzir a carga firme da nova usina decorreu de acordo com o governo boliviano, como forma de poupar o lado de lá da fronteira de futuras inundações. Tal decisão, de acordo com Tolmasquim, reduz em 11% a potência da usina em relação à carga prevista para a hidrelétrica Santo Antônio, mas mantém a atratividade do projeto. Nova Eletrobrás Tolmasquim e o ministro Edson Lobão participaram ontem, no Rio, do seminário Diálogos Capitais, que abordou algumas das principais questões das áreas energética e de meio ambiente. Na ocasião, o ministro atribui à presidência da Eletrobrás a responsabilidade por definir qual o papel das estatais Furnas, Chesf e Eletrosul no leilão. O presidente da EPE informou, no entanto, que o governo não deverá alterar a composição de consórcios como o de Furnas com a construtora Odebrecht, vencedor da disputa para construir a usina de Santo Antônio. Leilão da Brasiliana Com relação ao leilão da Brasiliana, a holding que concentra os ativos da norte-americana AES no Brasil, como a distribuidora AES Eletropaulo e a geradora AES Tietê, Tolmasquim evitou revelar qual o destino da participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na empresa.Embora tenha atribuído a responsabilidade pelo assunto ao próprio banco, que quer leiloar seus 53% na holding, Tolmasquim admitiu que a prioridade do governo é a licitação de Jirau, que ampliará a capacidade instalada de geração do País. Executivos e especialistas do setor atribuem a demora na definição da Brasiliana ao receio de que tal processo possa reduzir a atratividade do leilão de Jirau. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)()