Título: Paraguai diz que Brasil pode discutir tratado sobre Itaipu
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/04/2008, Infra-estrutura, p. C3

Assunção, 11 de Abril de 2008 - O ministro das Relações Exteriores paraguaio, Rubén Ramírez, disse ontem que o Brasil está disposto a debater a revisão do tratado que rege o aproveitamento da usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Ramírez afirmou que a posição brasileira foi expressada pelo secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães Neto, na visita oficial que este fez na quarta-feira a Assunção para repassar o andamento da cooperação bilateral. "Somos parceiros" "Somos parceiros em Itaipu e usamos o diálogo, que é sério, franco e aberto. Repito as expressões do secretário-geral do Itamaraty: não há questões que não possam ser discutidas no âmbito de Itaipu", afirmou o chanceler paraguaio. Em entrevista à rádio paraguaia "Primero de Marzo", Ramírez declarou que Guimarães Neto e seu colega do Paraguai, Antonio Rivas, concordaram em comunicado conjunto quanto à "grande importância de continuar analisando e resolvendo os diferentes temas que são relativos ao aproveitamento hidrelétrico binacional". O ministro paraguaio acrescentou que essas negociações deverão ocorrer "em um marco de seriedade e responsabilidade, com mútua compreensão dos respectivos interesses e necessidades". Ramírez enfatizou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "reconheceu permanentemente a seriedade com que o chefe de Estado paraguaio, Nicanor Duarte, conduz este assunto". Tratado de 1973 As autoridades de Assunção reivindicaram por diversas vezes a revisão do tratado de 1973 que deu origem a Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo em funcionamento, para conseguir melhores benefícios de seu aproveitamento conjunto. O acordo de construção da usina dividiu em partes iguais a produção de energia, não prevê a venda a terceiros países e estabelece que o excedente de um deles seja aproveitado pelo outro a custo de produção. Por este motivo, o Paraguai cede a maior parte da energia que lhe corresponde abaixo do preço de mercado. Reivindicações As reivindicações paraguaias se transformaram em um dos eixos da campanha eleitoral do ex-bispo e candidato presidencial opositor Fernando Lugo, favorito para as eleições gerais do próximo dia 20 e que pede a revisão do preço da energia regido pelo contrato, que expira em 2023. Lugo visitou Lula recentemente durante sua campanha eleitoral. Ao fim de seu encontro com o presidente, o candidato à presidência paraguaia disse que falou sobre instaurar um "diálogo sério, racional e respeitoso" para resolver as diferenças. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(EFE)