Título: Para sauditas, biocombustível não resolve desafio energético
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/04/2008, Infra-estrutura, p. C3

Paris, 11 de Abril de 2008 - O ministro de Petróleo e Recursos Naturais da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, disse ontem que os biocombustíveis não são a solução para os desafios energéticos do mundo, tanto em termos de abastecimento quanto em questões ambientais. "Devemos ser realistas com os biocombustíveis", advertiu Naimi, que considerou "um erro" a colocação deste tipo de carburante no mesmo grupo das energias renováveis, durante a 9ª Cúpula Internacional do Petróleo, realizada ontem, em Paris. O ministro saudita disse que a produção de biocombustíveis concorre com a de alimentos, que, segundo ele, deveria representar a principal prioridade da agricultura. Sobre isso, relacionou a alta internacional dos preços mundiais de alguns alimentos, particularmente do milho, com as políticas de desenvolvimento desses combustíveis de origem vegetal. Naimi também afirmou que o equilíbrio ambiental dos combustíveis é negativo não apenas pelas emissões geradas para obtê-los, mas também pelas conseqüências indiretas do uso de grandes extensões de terra e recursos como água. Distorção de mercado O ministro saudita denunciou que os biocombustíveis provocam uma "distorção" do mercado energético, devido à grande quantidade de subsídios que recebem, direta ou indiretamente. Naimi declarou que, apesar do apoio, as políticas mais ambiciosas de promoção dos biocombustíveis pretendem aumentar sua fatia para 6% do consumo de petróleo até 2010, um número, segundo ele, "limitado". O ministro reiterou que o impulso dos biocombustíveis não impediu a alta no preço do petróleo, não melhorou a segurança no abastecimento energético e nem acalmou as incertezas do mercado. Naimi reiterou o compromisso de seu país com o crescimento da demanda de petróleo, e destacou que sua contribuição "é considerável". Emissões nocivas O ministro também disse que, nos próximos anos, devem ser investidos US$ 90 bilhões para aumentar a capacidade de extração, que deve subir para 12,5 milhões de barris diários em 2009. Mais a longo prazo, Naimi insistiu que a Arábia Saudita atenderá às necessidades de consumo. Também destacou que, se houver demanda, podem ser produzidos até 130 milhões de barris diários. O ministro saudita explicou que a proteção do meio ambiente é uma preocupação crescente, e que um de seus objetivos é "reduzir todas as emissões nocivas". "A Arábia Saudita está bastante ativa no desenvolvimento de tecnologias de diminuição de emissões de CO2 e energia solar", afirmou. Na Europa, o presidente Lula disse que países ricos querem criar novo pretecionismo ao criticar o biocombustível. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(EFE)