Título: Usineiros reforçam interesse pela construção de alcoolduto
Autor: Costa, Edson Álvares da
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/04/2008, Infra-estrutura, p. C3

Ribeirão Preto, 14 de Abril de 2008 - Apesar da concorrência com a Petrobras, o empresário Clésio Balbo, presidente da Organização Balbo, que tem duas usinas em Sertãozinho (SP) e uma em Uberaba (MG), aposta no sucesso da iniciativa privada na construção e operação de um alcoolduto para exportar o etanol. "O projeto já atraiu vários investidores e tem tudo para dar certo. Será um novo `business¿ para o setor sucroalcooleiro", disse Balbo, que também é conselheiro da Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar). No último dia 18 de março, Cosan, Crystalsev e Copersucar, os três maiores grupos sucroalcooleiros do País, anunciaram a criação da Uniduto Logística, para elaborar e executar o projeto de um alcoolduto para a exportação do combustível. O capital social inicial da Uniduto, de R$ 60 milhões, poderá ser subscrito até o próximo dia 10 de maio, inclusive por outros produtores de etanol da região Centro-Sul e terceiros investidores. Dez dias depois do anúncio da criação da Uniduto, a Petrobras, que demonstrava interesse em investir em dutos para exportação de álcool, finalmente anunciou a criação da PMCC Projetos de Transporte de Álcool , em parceria com a japonesa Mitsui e a Camargo Correa. A empresa foi constituída para construir um alcoolduto entre Senador Canedo (GO) e Paulínia (SP), paralelo ao poliduto da Petrobras já existente no traçado, além de um trecho que interligará a Hidrovia Tietê-Paraná ao Terminal de Paulínia. Segundo a Petrobras, o alcoolduto seguirá para os terminais de São Sebastião, no litoral paulista, e Ilha d¿Água, no Rio, por meio de poliduto já existente, que passará a ser exclusivo para etanol. De olho no mercado asiático No dia 1º. deste mês, a Petrobras anunciou ainda a conclusão da compra, em conjunto com a TonenGeneral, subsidiária da ExxonMobil, de 87,5% das ações da Nansei Sekiyu, em Okinawa, Japão. Com capacidade para processar 100 mil barris de petróleo por dia e estocar 9,6 milhões de barris, a Nansei tem terminal portuário que pode receber navios de até 280 mil deadweight tonnage (dwt). A Petrobras já anunciou que pretende usar o terminal "para impulsionar a negociação de biocombustíveis no Japão e no mercado asiático." "A Petrobras pretende aumentar gradativamente a produção até a carga máxima, visando, além do mercado japonês, chegar a Cingapura, Vietnã e Malásia, entre outros", afirmou a empresa em comunicado enviado à imprensa. "Temos uma grande operação comercial a partir dos nossos escritórios em Cingapura e Pequim", disse, na semana passada, José Sérgio Gabrielli, em entrevista realizada no Japão. Consumo menor de gasolina "A Petrobras quer entrar ainda mais na distribuição do álcool porque a gasolina está em decadência (devido ao sucesso dos carros bicombustível e aos baixos preços do álcool)", disse na última sexta-feira Pedro Biagi, da Usina da Pedra, de Serrana (SP), durante o encerramento do I Workshop do Observatório do Setor Sucroalcooleiro, promovido pela FEA-USP de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. "Quem tiver o alcoolduto terá maiores condições de competitividade", afirmou Biagi. Para ele, devido aos novos projetos do setor sucroalcooleiro, o Brasil já se tornou "um eterno exportador de álcool." O usineiro acredita que, por questões logísticas, o destino da produção de álcool em São Paulo será o mercado externo. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)()