Título: Alta de commodities deve acelerar Doha
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/04/2008, Internacional, p. A11

15 de Abril de 2008 - A disparada dos preços dos alimentos no mundo todo está conseguindo realizar o que sete anos de conversações sobre o comércio mundial não conseguiram: derrubar as barreiras às importações. A Rodada Doha de negociações para a liberalização do comércio mundial entrou em impasse desde 2001, pois os países em desenvolvimento se recusaram a baixar as tarifas sobre as importações, que protegem seus produtores rurais, e os países ricos não abriram mão de seus subsídios aos preços dos produtos agrícolas. Agora as tarifas sobre as importações estão sendo reduzidas em nações que vão do Brasil até Burkina Faso, em reação aos preços, que, segundo o Banco Mundial, subiram 83% nos últimos três anos, e os subsídios concedidos nos Estados Unidos e na Europa estão caindo. "O que os preços dos alimentos fizeram pela liberalização das importações Doha não conseguiria conquistar em um longo período de tempo", diz Arvind Subramanian, especialista em comércio mundial do Peterson Institute for International Economics de Washington. Desde o início de 2007, quando os preços dos cereais começaram a subir, os países em desenvolvimento adotaram uma ampla série de medidas para aumentar as importações. A Índia derrubou uma tarifa de 36% incidente sobre a farinha de trigo importada, e a Indonésia eliminou as taxas que oneravam as importações de trigo e soja. O Peru aboliu as tarifas sobre trigo e milho. A Turquia reduziu as tarifas sobre as importações de trigo para 8%, em relação aos 130% anteriores, e sobre a cevada para zero, em relação aos 100% anteriores. A Mongólia cancelou seu imposto sobre valor agregado sobre o trigo e a farinha importados. Antidumping A China corre o risco de ser objeto de medidas antidumping, disse ontem o comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson. Ele disse em Paris que o comércio tem de seguir nas duas direções, e que o presente déficit comercial europeu com a China é "insustentável e inaceitável". "Esperamos que a China tome medidas apropriadas para aumentar o acesso aos seus mercados, para reforçar a proteção de propriedade intelectual", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Bloomberg News e Dow Jones Newswires)