Título: Cada vez mais fora de forma
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2011, Brasil, p. 14

Escolhas nada nutritivas à mesa, consumo excessivo de álcool e pouca atividade física estão alargando, em alta velocidade, a silhueta do brasileiro. A taxa de pessoas acima do peso, incluindo os obesos, passou de 42,7%, em 2006, para 48,1%, no ano passado. Entre os homens, chega a 52,1%. Se a população continuar engordando no ritmo atual, em 13 anos o país terá o mesmo perfil nutricional dos Estados Unidos, onde hoje 64% dos habitantes sofrem com a balança. O alerta vem de levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, que entrevistou 54,3 mil adultos nas 26 capitais e no Distrito Federal.

Em sua quinta edição, intitulado Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doença Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o estudo apontou hábitos alimentares preocupantes ¿ como 30% da população tomar refrigerante cinco vezes ou mais durante a semana, 80% ignorar o consumo de cinco ou mais porções diárias de frutas e hortaliças e 56% ingerir leite com teor integral de gordura. Aliado a tudo isso, está a proporção pequena de pessoas que praticam atividade física no tempo livre, só 15%. O Distrito Federal se destacou positivamente em dois aspectos. É onde mais as pessoas se exercitam, além de comerem melhor (leia abaixo).

Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa considera necessário que os brasileiros mudem a rotina para evitar doenças crônicas, com diabetes e hipertensão, associadas aos maus hábitos. ¿Se analisarmos que 70% das mortes no mundo estão relacionadas a esse tipo de doença, é urgente melhorar os hábitos da população, que ainda enxerga muitos desses males como algo natural, da velhice. Essa visão também precisa mudar¿, diz o especialista. Barbosa destaca, ainda, que o levantamento apresentado ontem mostra uma relação direta entre os anos de estudo do grupo analisado e os costumes nutricionais. ¿Quantos mais pobres e menos escolarizados, piores são os hábitos¿, diz.

Dariosvaldo Guedes da Silva, piauiense que largou a escola depois de poucos anos de estudo, conhece pouco sobre fatores de risco para a saúde. Embora perceba que as medidas vêm aumentando, ele não se priva de comidas pesadas. ¿Adoro feijoada e churrasco. Rodízio, então, é a melhor coisa. De fruta e verdura, eu não gosto¿, destaca o ambulante de 36 anos e quase 100 quilos. Dariosvaldo também não abre mão da lata de refrigerante todos os dias, na hora do almoço. Vez por outra, toma uma cervejinha à noite, para relaxar.

Cinco doses ou mais numa mesma ocasião no último mês, dentro dos parâmetros de vigilância epidemiológica, caracterizam consumo abusivo de álcool. No Brasil, a taxa dos que bebem exageradamente é de 18%. Entre os homens, de 2006 para cá, cresceu um ponto percentual, passando de 25,5% a 26,8%. No mesmo período, a proporção de mulheres ingerindo álcool em níveis preocupantes cresceu de 8,2% para 10,6%.

Elas também não largaram o cigarro. Enquanto a taxa de fumantes entre homens caiu de 20,2% para 17,9%, nos últimos cinco anos, entre as mulheres continua a mesma, de 12,7%. Jarbas Barbosa defende leis restritivas, como as que proíbem o tabaco em locais públicos, já existentes em alguns estados, bem como campanhas educativas.

Esbelto? Para saber se você está acima do peso, basta calcular o Índice de Massa Corporal (IMC). A fórmula é simples. IMC = peso (em quilos)/(altura em metros x altura em metros). Se o IMC for menor que 18,49, o estado nutricional é baixo peso. IMC entre 18,5 e 24,99 significa peso adequado. Resultados de 25 a 29,99 apontam sobrepeso. Maior ou igual a 30, obesidade.