Título: Créditos de carbono brasileiros têm melhor preço no mercado
Autor: Juliani, Denise
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/04/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 16 de Abril de 2008 - Embora o volume de créditos de carbono gerados por projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) no Brasil fiquem abaixo dos empreendimentos instalados na China e na Índia, é possível aos brasileiros obter bons preços no mercado internacional, especialmente no Japão, conta Mara Regina Mendes, analista de MDL da Mistsubishi UFJ Securities, corretora do Mitsubishi UFJ Financial Group. "As empresas japonesas que têm metas de redução de gases de efeito estufa (GEE) pequenas preferem comprar seus créditos de carbono de projetos com maior contribuição social, mesmo que tenham que pagar um pouco mais", afirma. Segundo a especialista, são mais atrativos os projetos que contemplam a inclusão social dos moradores do entorno onde estão instalados, por exemplo. Plantas de tratamento de resíduos, assim como empreendimentos como aterros sanitários que envolvam parceria com associações de catadores, treinados para trabalhar com reciclagem são bastante interessantes aos olhos dos compradores japoneses. Mesmo aquelas empresas que têm necessidade de grandes volumes de créditos de carbono costumam diversificar, misturando papéis originados na China e na Índia, de maior volume, com outros gerados por projetos brasileiros. A analista conta que os compradores japoneses pagam entre ¿ 10 e ¿ 12 por crédito de carbono da China e da Índia - cada crédito corresponde a uma tonelada de carbono reduzido. Já os de "melhor qualidade", como os produzidos pelo Brasil, são comprados por até ¿ 17. A corretora participa do Carbon Markets Americas, principal evento do mercado de carbono da América do Sul, realizado pela Green Power Conferences, um misto de discussão teórica e espaço para a realização de negócios. A empresa opera em toda a cadeia desde a avaliação do projeto, suporte financeiro na fase de registro, até a intermediação de compra e venda dos créditos de carbono. A busca por projetos de melhor qualidade não se limita ao Brasil. Segundo Mara, a instituição japonesa tem em curso um projeto de geração de créditos de carbono no Paraguai, que envolve um programa de reflorestamento que vai incluir famílias de baixa renda. Presente em países emergentes, entre seus principais projetos estão a planta brasileira de tratamento de biomassa da Geradora de Energia Alegrete, voltada para o tratamento químico e térmico da palha de arroz, evitando a emissão de metano na atmosfera. Destaca-se também um projeto de gerenciamento de resíduos sólidos na Indonésia, outro de tratamento de efluentes e coleta de biogás nas Filipinas e uma unidade de energia eólica no Egito. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)()