Título: Paralisação dos fiscais ameaça a indústria automobilística
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/04/2008, Direito Corporativo, p. A11

São Paulo e Brasília, 17 de Abril de 2008 - O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, disse que a greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que hoje completa 30 dias e que ainda não tem previsão de acabar, vai afetar a produção da indústria automobilística. "A situação está ficando muito difícil. As montadoras no exterior poderão parar a produção porque as grandes empresas de autopeças não estão conseguindo enviar componentes", disse o presidente do Sindipeças. Butori falou que, na terça-feira e ontem, passou o dia todo no telefone tentando resolver problemas com a entrega de componentes, sem nenhum sucesso. "O momento é muito crítico, mesmo pagando frete aéreo as empresas não estão conseguindo entregar peças dentro do prazo, porque está tudo congestionado e o risco das linhas de produção das montadoras pararem por falta de peças importadas é iminente", destacou o presidente. O Sindipeças ainda não apurou o quanto o setor de autopeças já perdeu com a greve da Receita Federal. Para George Rugitsky, conselheiro do sindicato, "o prejuízo maior não é o valor financeiro, mas o de perder o foco por não conseguir abastecer as linhas de montagem das montadoras. Isso depõe contra o País, que quer receber investimentos estrangeiros para chegar a uma produção de 5 milhões de veículos. Reunião em Brasília Antonio Meduna, membro do conselho de administração do sindicato, esteve em Brasília, acompanhando o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, para tratar do problema da greve com autoridades do governo. Após reunião com o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, Schneider disse que uma de suas principais preocupações é com relação à possível interrupção de exportações de peças e automóveis. "Esses mercados não vão ficar nos esperando, esses mercados vão buscar produtos em outros lugares, e isso significa que nós vamos perder presença potencialmente nesses mercados", disse o presidente da Anfavea a jornalistas, ontem. Os auditores fiscais de todo o País estão em greve desde o dia 18 de março reivindicando reajustes salariais. O movimento afeta principalmente as importações, que exigem mais fiscalização. No setor automotivo, contudo, boa parte das exportações depende da importação de insumos. Tentativa de drible Meduna disse ainda que, até o momento, o setor tem recorrido ao transporte aéreo para tentar driblar as dificuldades impostas pela greve. Mas, mesmo com custos até 10 vezes maiores que o transporte marítimo, a alternativa aérea está próxima do esgotamento devido ao sobrecarregamento dos aeroportos. Ele cobrou uma solução de longo prazo para os auditores fiscais, que nos últimos anos promoveram greves freqüentes. "Não é um movimento que está acontecendo agora. Já aconteceu no ano passado e no ano anterior, alguma coisa precisaria ser feita para você ter um horizonte de longo prazo. Não se admite greve anual", afirmou. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Sonia Moraes e Reuters)