Título: PT e PMDB separados nas capitais
Autor: Raphael Bruno
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/04/2008, Politica, p. A9

Brasília, 22 de Abril de 2008 - Grandes aliados no governo federal, PT e PMDB devem caminhar separados nas próximas eleições municipais, pelo menos nas principais cidades do País e no primeiro turno. Até o momento, metade das prefeituras de capitais tem pré-candidatos de ambos os partidos, o que abre a possibilidade de conflito nas urnas. São 13 as capitais que podem servir de palco para a disputa entre os dois partidos. Nas maiores, as chances de uma aliança ou já não existem mais ou são remotas. Em São Paulo, Orestes Quércia (PMDB) negocia livremente seu apoio. No Rio de Janeiro, o partido vai com a candidata do DEM, Solange Amaral, contra Alessandro Molon (PT). Em Belo Horizonte, os pemedebistas ficaram de fora do acordo entre o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito José Pimentel (PT). Em Porto Alegre, Maria do Rosário (PT) é a principal adversária do atual prefeito José Fogaça (PMDB). Juntos, as duas legendas são as maiores forças partidárias do País. Têm as maiores bancadas de parlamentares no Congresso Nacional. O maior número de ministérios e cargos no Poder Executivo Federal. O maior volume de recursos do Fundo Partidário. Em 2007, por exemplo, o PT foi o partido que recebeu o maior volume de dinheiro do fundo, pouco mais de R$ 17 milhões. O PMDB veio em seguida, com R$ 16,4 milhões. O intervalo na parceria, cada vez mais afinada na esfera federal, tem razão de ser. Líderes de ambos os partidos sabem que o caminho das pedras para o sucesso envolve apostar nas candidaturas próprias. O PT, por exemplo, tem pré-candidatos em 22 das 26 capitais. Hoje, só não tem nomes para apresentar em Goiânia-GO, uma das poucas cidades em que deve apoiar o PMDB, Belo Horizonte-MG, João Pessoa-PB e Palmas-TO. É o partido que mais tem candidatos próprios (veja quadro). Logo em seguida, aparece o PMDB, com 17 pré-candidatos. Não é a toa que as duas agremiações são, também, as que hoje controlam o maior número de prefeituras de capitais. O PT administra 7. O PMDB, 5. Juntos, quase metade das principais prefeituras brasileiras são tocadas pelas duas legendas. O quadro mostra que o investimento na candidatura própria costuma premiar os partidos com bons resultados. Ainda que seja uma candidatura fraca, pode ser o primeiro passo para tornar o postulante conhecido para eleições futuras. O PSOL, por exemplo, lançou em 2006 candidaturas próprias para governos estaduais em todas as unidades da federação. Não passou dos 5% de votos em nenhuma delas. Em 2008, o partido pretende novamente apresentar nomes próprios. Mas com uma diferença fundamental. Pelo menos um candidato da legenda aparece hoje com chances de vitória: Edmilson Rodrigues, em Belém-PA. Candidato ao governo estadual apenas dois anos atrás. A exposição de uma candidatura própria ajuda também àqueles que abrem mão dela no momento decisivo em favor de uma aliança maior. O caso do PT é exemplar. Em pelo menos seis capitais, o partido já lançou um nome para a corrida eleitoral mas ainda analisa abrir mão da candidatura própria para apoiar outro candidato. Esse é o cenário mais provável em São Luís-MA, Belém-PA, Natal-RN, Boa Vista-RR, Manaus-AM e Cuiabá-MT. Mas ainda que o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desista do candidato próprio em todas essas cidades, a legenda permanece sendo uma das que mais terá nomes para as prefeituras de capitais em 2008. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(