Título: Primárias de hoje na Pensilvânia serão decisivas para Hillary
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/04/2008, Internacional, p. A11
São Paulo, 22 de Abril de 2008 - As primárias do estado da Pensilvânia, considerado pelos especialistas como o último dos grandes colégios eleitorais norte-americanos, deverão ser finalmente decisivas para a nomeação do Partido Democrata nos Estados Unidos. Dependendo do resultado de hoje, Hillary Clinton, que lidera as pesquisas, poderá ou não continuar na extenuante disputa com Barack Obama pela indicação democrata. O senador por Illinois, que se encontra com uma trajetória ascendente, vem batendo recordes de arrecadação e colecionando mais vitórias nas últimas prévias do que a rival na mais extensa e mais cara campanha presidencial da história dos EUA. A ex-primeira-dama chegou a colocar US$ 5 milhões do próprio bolso na própria campanha e atravessa um momento crítico, com um ritmo de arrecadação mais lento do que Obama, e uma forte queda na preferência entre os eleitores democratas. A vantagem de quase 20 pontos percentuais de Hillary sobre Obama na Pensilvânia caiu para bem menos da metade nas últimas pesquisas e ela ainda tem de lidar com um elevado índice de rejeição, acima de 40%. Depois de uma janela de seis semanas desde a primária no Mississipi, em 11 de março, - onde Obama venceu com 61,2% contra 36,7% de Hillary - o estado da Pensilvânia torna-se hoje o centro das atenções da política americana. O apoio de 188 delegados do partido estarão em jogo, o que poderá fazer com quem Hillary ou Obama fiquem mais próximos da meta de 2.025 delegados necessários para a indicação democrata para disputar com o senador republicano do Arizona, John McCain, a sucessão da Casa Branca. "Se Hillary perder, ela não poderá vencer. Se vencer com uma margem pequena, também não deverá ser indicada pelo partido. Agora se ela vencer facilmente, então ela terá chance", analisa o professor especialista em política da Georgetown University, de Washington, Clyde Wilcox. Em uma das mais concorridas pré-candidaturas dos EUA, a campanha para a indicação democrata para as eleições presidenciais de 4 de novembro - iniciada antes mesmo da largada das primárias, em janeiro - não deve terminar antes de 3 de junho, quando ocorrerão as primárias de Montana e Dakota do Norte. Alguns especialistas apostam que a definição só ocorra mesmo durante a assembléia geral democrata de agosto. Obama está com vantagem no total de delegados até o momento. Conforme dados da CNN, Obama tem 1.644 delegados e Hillary, 1.428. Já o site RealClearPolitics informa que o senador tem 1648 delegados e Hillary, 1.507. Ela ainda teve o ônus da anulação dos votos dos delegados nas primárias dos estados de Michigan e da Flórida, que anteciparam as datas das votações. Nesses dois importantes colégios eleitorais, a ex-primeira-dama venceu Obama por 55,2% a 40,1% e por 49,8% a 32,9%, respectivamente. De acordo com documentos apresentados à Comissão Eleitoral Federal anteontem, Hillary arrecadou US$ 20,9 milhões em março, menos de metade dos US$ 42,8 milhões de Obama. O senador de Illinois ganhou terreno nas últimas primárias. Acumulou US$ 234 milhões - três vezes mais do que McCain. Obama está perto de quebrar a marca de arrecadação estabelecida pelo presidente Bush em 2004, conforme dados levantados pela Bloomberg News. Em março, McCain teve seu melhor período de arrecadação, coletando US$ 15 milhões. A senadora por Nova York conseguiu a façanha de dar a volta por cima nas horas mais difíceis e contrariou institutos de pesquisa que davam favoritismo para Obama. Em Iowa, o primeiro dos 50 estados e mais 4 territórios agregados (Samoa, Ilhas Virgens, Guam e Porto Rico) a ter uma primária, Obama saiu na frente. Mas Hillary reverteu a situação no estado seguinte, em New Hampshire, e mostrou que tem fôlego para continuar na disputa depois de obter a vantagem nas primárias da Super Terça, de 5 de fevereiro, e depois nas da mini-Super Terça, de 4 de março. "Apesar de Hillary ter reagido nos momentos mais críticos e em grandes estados, o que se vê é a consolidação da candidatura de Obama e o enfraquecimento da de. Hillary", comenta o embaixador Sérgio Amaral, diretor do Centro de Estudos Americanos da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). "Enquanto os dois se degladiam, McCain ganha popularidade e o Partido Democrata está mais enfraquecido", diz Amaral. Para o ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, Hillary deverá vencer na Pensilvânia, mas com uma margem muito pequena. Segundo ele, a primária de hoje "não será decisiva", apesar do avanço de Obama sobre a rival. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(