Título: Kassab terá o apoio do PMDB, mas perde aliança com o PSDB
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari; Seabra, Marcos
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/04/2008, Politica, p. A10

São Paulo, 24 de Abril de 2008 - Chegou ao fim a aliança entre o PSDB e o Democratas. O prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab (DEM), vai fechar hoje um acordo com o PMDB, partido comandado pelo ex-governador Orestes Quércia, de olho na disputa pela prefeitura paulistana. O acordo prevê que a ex-secretária estadual de Bem-Estar Social durante o governo Quércia, Alda Marco Antonio, será a vice na chapa encabeçada pelo prefeito na sucessão municipal. Ontem à noite, Kassab confirmou presença no encontro com peemedebistas prevista para hoje pela manhã. "O apoio do PMDB é bem vindo e vem para acrescentar", simplificou o prefeito. Kassab disse ainda que é um "entusiasta da aliança com o PSDB" e que continua lutando por ela. O prefeito, porém, negou-se a comentar qual seria a diferença do acordo fechado com o PMDB e a oferta feita pelo PT à legenda comandada por Orestes Quércia. Os petistas, publicamente, ofereceram o cargo de vice e apoio a uma eventual candidatura ao senado do ex-governador em 2010. O rompimento da aliança com os tucanos provocou a ira do deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), defensor da candidatura própria dos tucanos na disputa pela capital paulista. Para Torres, o acordo inviabiliza a coligação entre tucanos e democratas ao excluir das negociações o ex-governador Geraldo Alckmin, que luta para concorrer ao cargo pelo PSDB. "Se o acordo for confirmado, o DEM encerrará com qualquer tipo de negociação conosco. Não haverá espaço para o nosso partido", previu Torres. O deputado garantiu ainda que candidatura de Alckmin já está decidida e deve ser anunciada na próxima semana. "Esperamos contar com o apoio do DEM no segundo turno", disse Torres, acrescentado que o PSDB já entrou em contato com o PTB, PV e PSB para ampliar o arco de alianças. Mas, para um segundo turno, o número de vereadores eleitores já estará definido. Hoje, Alckmin terá um encontro reservado com a bancada de vereadores do PSDB. Os tucanos pedirão novamente ao ex-governador a manutenção da coligação com o DEM. Neste caso, a única forma de manutenção da aliança implica em Alckmin abrir mão de sua candidatura, ficando os tucanos apenas com candidatos proporcionais (vereadores). A bancada democrata na Câmara Municipal também está empenhada em preservar o aliado histórico. Ontem, os vereadores divulgaram nota, na qual pedem aos dois pré-candidatos que dividam o mesmo palanque nas eleições de outubro. Kassab voltou a manifestar ontem a intenção de concorrer à reeleição e confirmou a aliança com o PMDB. Apesar disso, fez questão de frisar que ainda espera fechar um acordo com os tucanos. A idéia, segundo ele, seria unir os três partidos em torno de um candidato. O apoio dos peemedebistas irá render ao prefeito cerca de 7min30s no horário gratuito de rádio e TV. O PT terá 4min e o PSDB 3min. Alianças com outros partidos não serão suficientes para as duas legendas conquistarem o mesmo tempo do PMDB. Uma fonte próxima ao prefeito destacou que a principal exigência do PMDB foi o apoio à candidatura do ex-governador Orestes Quércia ao Senado em 2010. "Faltam apenas alguns detalhes. O Afif (Domingues), inclusive, já concordou em ceder o espaço para o Quércia ser o candidato ao Senado daqui a dois anos", disse. Tempo A definição de um acordo entre o DEM, de Kassab, e o PMDB, de Quércia, já era esperado entre os petistas de São Paulo. O PT paulistano havia feito a mesma oferta, publicamente, ao ex-governador do PMDB. Ou seja: a posição de vice na chapa encabeçada pela ministra do Turismo, a ex-prefeita Marta Suplicy, além do apoio a uma candidatura de Quércia ao Senado em 2010. O vereador petista José Américo, um dos prováveis coordenadores da candidatura de Marta, mesmo depois que o PMDB oficializou, em nota, o acordo com Kassab, disse que o partido não havia desistido da aliança com Quércia. "Continuamos conversando", garantiu o vereador. Para ele, o lugar do PMDB é "ao lado do PT. "O DEM e o PSDB não tem as mesmas bandeiras que o PMDB, e nós estamos juntos, inclusive em um projeto nacional", lamentou o vereador. O acordo entre o DEM e o PMDB deverá causar sérios prejuízos aos dois partidos em uma chapa de vereadores. Como o número de candidatos é de uma vez e meia o número de cargos em disputa - 55 vereadores - os votos dos dois partidos serão repartidos. Porém, tendo como base o número baixo de votos conseguidos pelo DEM na eleição de 2004, o número de eleitos pela aliança poderá ficar abaixo das expectativas. O PT, por sua vez, considera praticamente certa uma aliança com o PR e o PCdoB, o que deverá elevar a sete minutos o tempo de propaganda gratuita em tv para a aliança. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(