Título: Contribuições para campanha de Hillary explodem com vitória
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/04/2008, Internacional, p. A12

São Paulo, 24 de Abril de 2008 - Com a vitória nas primárias da Pensilvânia, Hillary Clinton ganha novo fôlego para a acirrada disputa com Barack Obama para a nomeação do candidato do Partido Democrata que irá disputar as eleições presidenciais dos Estados Unidos de 4 de novembro. O resultado positivo de terça-feira atraiu novas doações aos cofres da senadora de Nova York, especialmente depois de ela afirmar que se for presidente e o Irã atacar Israel, os EUA atacarão Teerã. Desde o final de março, Hillary tinha um déficit de US$ 10 milhões. E, após o fechamento das urnas, a campanha da ex-primeira-dama recebeu US$ 3 milhões em doações, informou a Reuters. E calcula-se as doações cheguem a US$ 10 milhões. Obama tem o maior caixa desta que é a mais cara campanha da história dos EUA, de quase US$ 860 milhões. Ele lidera a lista com um total arrecadado de US$ 234,7 milhões enquanto Hillary levantou US$ 189,1 milhões, conforme dados da Comissão Eleitoral Federal (FEC, sigla em inglês). Hillary obteve 55% dos votos enquanto o senador por Illinois conquistou 45% da preferência dos eleitores democratas no último grande colégio eleitoral americano. A ex-primeira-dama conseguiu contrariar a maioria das pesquisas que diziam que ela venceria Obama com uma margem apertada. O alto índice de comparecimento dos eleitores (cerca de 50%, dos pouco mais de 4 milhões registrados) fez com que Hillary vencesse com uma vantagem para continuar no páreo. "Hillary é uma lutadora e não vai abandonar a corrida tão facilmente", comentou o professor da Universidade de Baltimore, Lenneal Henderson, em uma videoconferência para jornalistas no Consulado Americano de São Paulo. Para o professor, dificilmente um será vice do outro. "Como os dois candidatos são da costa leste, é importante que qualquer um deles tenha um vice da costa oeste", comentou ele, lembrando que no oeste que estão os estados mais populosos. "A maré está mudando", disse Hillary na terça-feira ao comemorar a vitória sobre o rival de partido. "O povo americano não desiste e eles merecem uma presidente que também não desiste." A senadora chegou a alfinetar Obama ao dizer que, apesar de ele ter gasto o dobro de verbas na Pensilvânia, ela colocou em dúvida a capacidade dele de vencer nos grandes estados. Para o professor Henderson, a definição da indicação democrata deverá mesmo ocorrer em agosto, durante a convenção nacional do Partido Democrata. Neste evento, os delegados escolhidos durante as primárias estaduais escolhem o candidato do partido à Casa Branca. Geralmente, trata-se de uma formalidade e o vencedor anuncia o vice da chapa. No entanto, nenhum dos dois candidatos deverá desistir até agosto se a diferença no número de delegados continuar girando em torno de 100. De acordo com dados do site RealClearPolitics, Obama ainda tem a vantagem no total de delegados. Ele soma 1720, dos quais 235 superdelegados, os que têm autonomia para votarem em quem quiserem. São necessários 2.025 delegados para se obter a indicação do partido. No entanto, a maioria das pesquisas sobre a definição da candidatura do Partido Democrata apontam para Obama, de acordo com a RealClearPolitics. Na média, Obama tem 50% da preferência dos eleitores democratas enquanto Hillary, 40,3%. "As pesquisas são confiáveis mas as pessoas mudam de idéia", comentou o professor de política da Georgetown Universitity, em Washington, Clyde Wilcox. "Há uma certa dificuldade para determinar quem realmente vai comparecer para votar", acrescentou. Os próximos estados - Carolina do Norte e Indiana - , cujas primárias estão marcadas para 6 de maio, são colégios eleitorais pequenos mas com um grande volume de trabalhadores industriais, lembrou Henderson. Na Carolina do Norte, Obama lidera as pesquisas, e, em Indiana, não há favorito. "A estratégia democrata agora tem de estar focada na questão econômica e militar. É importante que os pré-candidatos se foquem em apresentar soluções para a fazer a economia americana voltar a crescer", afirmou Henderson. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)()