Título: Segurança para Olimpíada na China poderá afetar negócios
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/04/2008, Interncional, p. A14

Pequim, 24 de Abril de 2008 - Em pouco mais de cem dias, a China abrirá seus braços para um dilúvio de estrangeiros, muitos dos quais ficarão agradavelmente surpresos em encontrar estonteantes butiques de grife e coloridos bares que divertem expatriados e chineses de classe média nessa capital antigamente deselegante. Entretanto enquanto Pequim promete dar as boas-vindas para 1,5 milhão de visitantes que virão para os Jogos Olímpicos, as autoridades do setor de segurança pública endurecem o controle sobre a vida diária e estipulam restrições para vistos de entrada, o que anda causando ansiedade entre os 250 mil estrangeiros que ali se estabeleceram nos últimos anos. As normas para visto, incrementadas na semana passada com poucas explicações, restringem muitos visitantes a uma permanência de 30 dias, o que substitui os vistos flexíveis de entradas múltiplas, que permitiam às pessoas morar e trabalhar em Pequim sem requisitar visto de permanência, difícil de obter. As restrições também complicam as vidas dos negociantes em Hong Kong, Taipé, Seul e Singapura, acostumados a cruzar a fronteira sem problemas."Nem imaginam como essas restrições serão sérias", disse Richard Vuylsteke, presidente da Câmara Americana de Comércio em Hong Kong. "Uma barreira como essa terá um efeito devastador sobre os negócios." O governo deseja apresentar uma imagem sem falhas de Pequim para as Olimpíadas. Autoridades policiais retiraram os mendigos das ruas e fecharam lojas que vendiam DVD piratas, forçando alguns trabalhadores migrantes a retornar para seus locais de origem. A polícia no último mês investigou bares e clubes possivelmente freqüentados por traficantes de drogas. Uma batida há duas semanas, que prendeu um grupo de adolescentes franceses, provocou críticas sobre a polícia estar agindo com mão de ferro. Restrições aleatórias Outras restrições podem parecer aleatórias, como a decisão ontem de cancelar um festival de música popular uma semana antes de seu início. Organizadores do evento, Midi Festival, que já acontece há oito anos, revelaram que autoridades externaram sua preocupação a respeito da segurança. Mais de 80 bandas, muitas estrangeiras, estavam programadas para se apresentar. Entretanto a maior pare do medo e da consternação foram provocados pelas novas normas de visto, que fizeram com que milhares de residentes estrangeiros procurassem documentos no mercado negro, ou refletissem sobre partir. Residentes que no passado podiam solicitar localmente uma prorrogação de um ano para seus vistos de turismo ou negócios, foram aconselhados a voltar para casa e solicitar os vistos de curto prazo na Embaixada da China em seus países de origem. "Talvez eu volte no outono" Alguns como Desmond McGarry, músico de jazz que mora em Pequim desde 2002, disseram que provavelmente deixarão a China. Para McGarry, retornar ao Canadá significará abandonar seu apartamento e muitos amigos. "Foi muito bom até agora, mesmo se existíssemos em uma zona extra-oficial", disse McGarry. "Talvez eu vá embora e tente voltar no outono quando a situação se acalmar." (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(The New York Times)