Título: Transpetro prepara licitação para segundo lote de navios
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/04/2008, Transporte, p. C2

Brasília, 24 de Abril de 2008 - O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse, ontem, que a empresa esta ultimando as negociações com a Petrobras para licitar o segundo lote de embarcações para a indústria naval brasileira. "Nos próximos dias vamos definir o volume segundo lote", informou Machado que não quis precisar a data em que será definida a encomenda de novos navios, nem o porte das embarcações, "para não sinalizar ao mercado", mas afirmou que a licitação será feita nos próximos meses. A subsidiária da Petrobras vai encomendar 16 novas embarcações à indústria nacional que deverão estar no mercado até 2012, dentro do programa de reabilitação do setor, alcançando a contratação de 42 novos navios, um dos pilares da política industrial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde seu primeiro mandato. A Transpetro já encomendou 26 navios aos estaleiros brasileiros no primeiro ciclo de investimentos ao custo de US$ 2,5 bilhões que deverão ser entregues até 2010. Segundo Machado, essas encomendas serão entregues dentro do prazo previsto, mas não detalhou como está o cronograma de construção, somente afirmou que está dentro das previsões da empresa. O programa de recuperação do setor que já foi o segundo no mundo em construção de navios medido em tonelagem, nos anos 70, e depois saiu da listas dos principais construtores, faz parte da estratégia do governo de retomar a produção de embarcações para a indústria naval, marinha mercantil, indústria de defesa naval, indústria de pesca, indústria de apoio marítimo e portuário e indústria náutica e de lazer. A recuperação do setor já começa a aparecer. Depois de a indústria naval ter quase desaparecido nos anos 80 e 90, gera hoje cerca de 22 mil empregos diretos e a expectativa é de chegar a 150 mil, com a contratação de mais 40 navios e 40 plataformas de exploração de petróleo nos próximos anos. "Precisamos garantir que esses projetos sejam executados no País", disse o coordenador-geral da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Marítima, deputado Edimilson Valentim (PCdoB-RJ), durante o lançamento da Frente, ontem, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados. A Frente Parlamentar nasce com a adesão de 100 deputados e 20 senadores. Hoje o Brasil depende de navios de outras bandeiras para fazer o transporte internacional de cargas que movimenta, por ano, cerca de US$ 10 bilhões no País, sendo que apenas US$ 400 milhões são internalizados. A indústria naval responde por 95% do comércio mundial e 72% da frota que faz esse transporte é dos países que concentram 50% do comércio mundial, segundo dados da Frente Parlamentar. É nesse mercado que os empresários do setor querem chegar. O Brasil ocupa a décima posição entre os maiores produtores de embarcações por tonelagem de uma carteira de cerca de 9.400 encomendas, onde se destacam a Coréia do Sul e a China. Machado disse que o País tem dois gargalos a serem superados para que a indústria nacional deslanche, o preço do aço, que na sua avaliação é muito alto, e a falta de mão-de-obra especializada. "Entre 20% e 30% do preço de um navio é aço e nós produzimos esse insumo com o menor custo do mundo, então as empresas nacionais têm que ser competitivas na venda do aço", desafiou Machado. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(