Título: Mercado global de créditos de carbono pode chegar a 46 bi
Autor: Denise Juliani
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/04/2008, Gazeta Verde, p. A13

São Paulo, 25 de Abril de 2008 - O mercado global de créditos de carbono cresce de maneira expressiva ano a ano e as perspectivas continuam favoráveis. A estimativa para 2008 é que este mercado movimente ¿ 46 bilhões, segundo a Point Carbon, com sede na Noruega e escritórios na Europa e nos Estados Unidos. Segundo relatório da empresa, em 2007, este mercado movimentou ¿ 40 bilhões, um crescimento de quase 80% sobre o volume de 2006. No ano passado, foram negociadas 2,7 bilhões de toneladas de carbono ante 1,6 bilhão em 2006, uma alta de 68,7%. O Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS) é ainda o maior mercado, com 62% do total. Em seguida ficaram os negócios com créditos de carbono emitidos por projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que ficaram com 35% das transações. Os créditos de carbono são negociados no âmbito do Protocolo de Kyoto - acordo internacional que prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) pelos países desenvolvidos até 2012. Os países em desenvolvimento não têm metas de redução , mas fazem parte do acordo vendendo os créditos de carbono gerados por projetos de MDL às empresas e governos dos países desenvolvidos, para que possam cumprir suas metas de redução. O Brasil ocupa lugar de destaque entre os países geradores de créditos de carbono, atrás apenas da Índia e da China. Dos 1.027 projetos registrados na Organização das Nações Unidas (ONU), a Índia responde por 333, representando 32,42%, a China tem 198 (19,28%) e o Brasil, 132 (12,85%). Mesmo restando apenas quatro anos para que os atuais papéis em circulação expirem, pois o período de compromisso do Protocolo de Kyoto termina em 2012, especialistas acreditam que as metas globais de redução dos gases de efeito estufa tendem a ser renovadas e com maior rigor. "As regras para depois de 2012 estão em discussão, mas certamente as restrições nas emissões de gases de efeito estufa ficarão mais severas e as negociações de créditos de carbono continuarão existindo", observa Maurik Jehee, superintendente executivo de créditos de carbono do Banco Real. A média dos preços dos créditos de carbono nos últimos seis meses está ao redor de ¿ 12 a tonelada no mercado europeu para venda primária (papéis de emissão futura). Já os papéis para a venda à vista - de projetos já em operação e papéis emitidos - o preço está ao redor de ¿ 15, observa o especialista. Entre os potenciais compradores de créditos de carbono de projetos brasileiros estão principalmente empresas européias e japonesas. Segundo Mara Regina Mendes, analista de MDL da Mitsubishi UFJ Securities, as empresas japonesas que têm metas pequenas de redução de gases de efeito estufa preferem comprar seus créditos de carbono de projetos que façam a diferença no aspecto social. "Um projeto de aterro sanitário que inclua um programa de reciclagem com catadores de papel, por exemplo". A analista conta que os compradores japoneses pagam entre ¿ 10 e ¿ 12 por crédito de carbono da China e da Índia e cerca de ¿ 17 para os de "melhor qualidade", como os produzidos pelo Brasil. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13)()