Título: Geração de resíduos na Ford é menor que a média mundial
Autor: Maia Filho, José Pacheco
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/04/2008, Gazeta verde, p. A14

Salvador, 25 de Abril de 2008 - Cada veículo produzido no Complexo Industrial Ford Nordeste, em Camaçari (BA), gera em média 140 quilos de resíduos. Parece muito, mas quando se pensa que, há 10 anos, para a produção de um carro se desperdiçavam 500 quilos em materiais, constata-se um grande avanço. "No caso de nossa planta baiana, o resultado está abaixo da média atual da indústria automotiva, que gira em torno de 250 quilos de resíduos por automóvel", diz o gerente de engenharia ambiental da Ford, Edmir Mesz. Para atingir essa redução de 72% do que se produzia em resíduos há 10 anos e ainda ter um desperdício 44% inferior à média atual, o Complexo Industrial Ford Nordeste, que produz 250 mil automóveis por ano, favoreceu-se do próprio conceito de manufatura integrada, onde 25 fábricas sistemistas e mais a montadora ocupam o mesmo site, produzindo no local 60% de todos os componentes dos veículos. "Só o fato de não precisar transportar peças de outras regiões para cá reduz emissões e o uso de embalagens", comenta Mesz. Para o gerente de engenharia ambiental da Ford, a integração do processo produtivo colabora bastante para a redução de resíduos. "A manufatura integrada reduz desperdícios com ganhos ambientais", afirma. Segundo Edmir Mesz, 90% de todos os resíduos gerados na planta são destinados à reciclagem. "Parte das sobras de plástico depois de recicladas chega a voltar ao processo produtivo. Os resíduos de aço são destinados a siderúrgicas e os de borracha, à construção para uso em pavimentação de estradas", informa. Planejado no conceito de sustentabilidade, o Complexo Industrial Ford Nordeste, que está completando sete anos de atividades, adota o sistema de pintura d¿água. "O sistema convencional utiliza solvente, material orgânico que polui a atmosfera quando evapora", diz Mesz. De acordo com ele, ao não utilizar solvente a pintura d¿água é menos poluente. O sistema de esgoto sanitário da planta baiana é wetland. Edmir Mesz explica que o método utiliza plantas naturais para fazer filtragem e aeração, dentro do mesmo princípio dos pântanos. "A planta absorve o material orgânico da água, filtrando-a. É um processo natural que não consome energia e contribui com a absorção de gás carbônico." No complexo industrial onde trabalham 8.821 pessoas, há quatro restaurantes, cujos resíduos orgânicos provenientes dos alimentos são aproveitados em compostagens para a produção de adubo e uso no plantio de árvores. Ao redor da unidade fabril há uma área florestada com 500 hectares. Segundo Mesz, já foram plantadas no local 500 mil mudas de todas as espécies da Mata Atlântica desde o início da implantação do complexo no ano 2000. "A idéia é ter uma área de preservação que, no futuro, quando se adensar a vegetação, se torne um parque para as populações das cidades de Camaçari e Dias d¿Ávila", diz o gerente de engenharia ambiental. De acordo com ele, dentro do princípio de sustentabilidade, começa-se a utilizar ainda de forma embrionária a energia solar na fábrica. "A iluminação da praça do complexo é alimentada por energia solar", diz. O reúso de água é feito dentro do processo industrial da Ford, em Camaçari, para reduzir o consumo global. Segundo Edmir Mesz, é feita a captação da água condensada dos aparelhos de ar condicionado, que é reutilizada no sistema de torres de refrigeração. Para o gerente de engenharia ambiental, a sustentabilidade tem norteado o complexo industrial baiano. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)()