Título: Com BrT, Oi pretende ir para o exterior
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2008, Nacional, p. A6

Rio, 28 de Abril de 2008 - A gigante brasileira de telecomunicações criada a partir da fusão entre Oi (ex-Telemar) e Brasil Telecom planeja ter uma clientela equivalente à metade da população do País. Almeja uma carteira de 110 milhões de clientes num prazo de cinco anos, dos quais 30 milhões serão angariados no exterior. Juntas, as empresas já somam cerca de 44 milhões de clientes na telefonia celular e fixa. São 22,1 milhões de acessos de telefonia fixa, cerca de dois terços do total no País, segundo o site Teleco. Em telefonia móvel, a nova Oi - assim será chamada - passará a ter 18,5% de participação de mercado e mais 40% dos acessos de banda larga. Se tudo der certo, a supertele será uma multinacional atuante em países da Europa, América Latina e África, como quer o futuro presidente da companhia e atual da Oi, Luiz Eduardo Falco. Sem contar com os 5,5 mil municípios em todo o território nacional, cobertura que ainda não é permitida pela legislação atual. O executivo espera que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) conclua num prazo de três meses as alterações necessárias para que a Oi e a BrT possam atuar como uma única empresa. Pelas regras atuais, definidas no Plano Geral de Outorgas (PGO), as concessionárias de telefonia fixa estão limitadas por áreas e não podem extrapolá-las. "Entendemos que dez anos depois da privatização já estaria na hora de adaptar o PGO para que o Brasil seja mais competitivo", disse o executivo. Depende dessas mudanças na legislação o nascimento da supertele com valor de mercado de US$ 22,9 bilhões, a trigésima maior do mundo no setor de telecom. A receita líquida combinada de R$ 29 bilhões, os 43 milhões de clientes atuais e a cobertura de todo o País servem como argumento para a criação de uma grande tele com capital brasileiro. O medo de ser engolida por concorrentes como a espanhola Telefónica e a mexicana Telmex foi a tônica dos meses preparatórios para o negócio (texto abaixo). A compra da BrT pela Oi pode custar R$ 12,3 bilhões. Além dos R$ 5,8 bilhões despendidos para adquirir o controle direto e indireto da BrT, a Oi deverá desembolsar R$ 3,5 bilhões para os acionistas minoritários detentores de ações ordinárias. Outros R$ 3 bilhões poderão ser gastos na aquisição das ações preferenciais. "São R$ 5,8 bilhões de controle direto e indireto, depois o `tag along¿, obrigatório por lei, mais algumas ofertas que estamos fazendo no mercado no sentido de comprar participações. Pode chegar a R$ 12 bilhões ou R$ 13 bilhões, dependendo das participações que comprarmos", disse Falco. Depois de quatro meses de negociação, as companhias decidiram acabar com as brigas que marcaram a teia de participações entre os sócios. Independentemente do êxito do negócio, a compradora se dispõe a pagar R$ 315 milhões para eliminar todas as pendências judiciais relativas à disputa do controle acionário da BrT que envolvem os fundos de pensão Previ, Petros e os bancos Citigroup e Opportunity. O negócio exigiu mudanças na estrutura societária da Oi, com a compra das participações do Opportunity, GP e Citi na Telemar pelos grupos Andrade Gutierrez (La Fonte) e Jereissati, dos empresários Sérgio Andrade e Carlos Jereissati. Cada um deles ficará com 19,34% das ações da nova empresa. A Fundação Atlântico, fundo de pensão dos funcionários da Oi, terá mais 11,5% e juntos, estes grupos privados terão 50,18%. Já o BNDES e os fundos de pensão ligados ao governo garantirão 49,82% do negócio - com a garantia de que a empresa não poderá ser vendida ao capital estrangeiro. Com R$ 2,56 bilhões em compra de ações da nova empresa, o banco de fomento deterá 16,89% da empresa. Previ terá 12,96%, enquanto Petros (funcionários da Petrobras) e Funcef (empregados da Caixa Econômica Federal) terão, cada um, 10%. Paralelamente, a Oi comprou fatias dos principais donos da BrT: Previ, Petros, Funcef, Opportunity e CVC, administrado pelo Citi. Mas enquanto o governo não muda a lei que impede a fusão, o controle da Brt fica nas mãos do Credit Suisse. Os responsáveis pelas fusão juram que não haverá monopólio. "Na competição da telefonia móvel teremos espanhóis, mexicanos e brasileiros com cobertura nacional. Também no mercado nacional corporativo de transmissão de dados teremos um segundo competidor, porque hoje só há a Embratel. E nos mercados com menos competição (telefone fixo), os benefícios virão através dos ganhos de produtividade repassados para as tarifas", defendeu Falco. "Nosso objetivo é duplo: em primeiro lugar, atender cada vez melhor o usuário brasileiro, colocando-o em pé de igualdade com os mercados mais desenvolvidos", afirma o presidente do conselho de administração da Andrade Gutierrez, Sérgio Andrade, em nota. Falco está garantido como presidente da nova empresa; Pedro Jereissati será o presidente da holding e Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, será o presidente do conselho da holding. Em nota, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que o negócio "coloca o Brasil na vanguarda de telecomunicações, tornando o País mais competitivo no setor, principalmente nos mercados da América Latina e África". O governo aprovou o projeto desde sua origem. Em fevereiro, Hélio Costa ele enviou à Anatel documento em que pedia à agência que estudasse mudanças no PGO para alterar os artigos que impedem a fusão. Colaborou Carlos Eduardo Valim (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)()