Título: Novo ministro argentino diz que nada mudará no país
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2008, Internacional, p. A11

Buenos Aires, 28 de Abril de 2008 - Carlos Fernández, o novo ministro argentino da Economia escolhido pela presidente Cristina Kirchner, é um especialista em finanças públicas de 54 anos e homem freqüentemente consultado por seu padrinho político, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007). "Com minha nomeação nada deve mudar" dentro do alinhamento da economia, afirmou Fernández, na sexta-feira em uma improvisada entrevista à imprensa na porta de sua casa. Ao ser empossado, no mesmo dia, disse que "é um desafio seguir trabalhando para que as coisas continuem bem". O ministro argentino da Economia, Martín Lousteau, renunciou na noite de quinta-feira, em meio a um difícil conflito entre o governo e milhares de agricultores e num contexto de crescente inflação. A presidente não comentou publicamente as razões da saída de Lousteau, embora seja notório que ele teve desentendimentos com outros membros do governo acerca da inflação e do rumo que a economia deve seguir após 21 dias conturbados de greves no campo. Os protestos contra o aumento nos impostos de exportação impediram caminhões de entregar carne bovina, frango e outros produtos, causando grandes problemas de escassez. Os agricultores encerraram a greve, mas ameaçam fazer novas barricadas nas rodovias no início de maio caso o governo se recuse a oferecer concessões. Formado em Economia, Fernández estudou na prestigiada Universidad Nacional de La Plata, a mesma freqüentada pelo casal Kirchner na década de 1970, embora sua aproximação do âmbito presidencial tenha sido muito mais recente. Foi diretor nacional de Coordenação Fiscal com as províncias, do ministério da Economia entre 1989 e 1997, durante a presidência do peronista neoliberal Carlos Menem (1989-99), e entre 1997 e 2003 foi subsecretário de Política e Coordenação Fiscal da província de Buenos Aires. De perfil técnico, foi ganhando a confiança de Néstor Kirchner desde 2006, quando foi nomeado secretário da Fazenda e passou a ser consultado quase que diariamente pelo então governante a respeito do Estado das contas públicas. Naquela época, Fernández protagonizou uma dura discussão com o Fundo Monetário Internacional (FMI), defendendo uma política fiscal do governo quando o organismo realizava sua habitual avaliação das economias de seus países membros. Em 2007 foi ministro da Economia da província de Buenos Aires, maior distrito do país, onde vivem 14 dos 40 milhões de argentinos, mas voltou a ser chamado para o governo federal em dezembro do ano passado, após a eleição de Cristina, para ocupar a subsecretaria de Avaliação Orçamentária. O cargo permitiu que Fernández levasse relatórios diários a Néstor Kirchner a respeito das contas federais, já que o ex-presidente compartilha, de fato, o poder com sua mulher. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(AFP, Dow Jones Newswires e Telam)

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