Título: Bancos devem lucrar mais no trimestre
Autor: Nascimento, Iolanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2008, GazetaInveste, p. B3

São Paulo, 28 de Abril de 2008 - O crescimento da demanda por crédito, spreads elevados e o aumento das taxas de juros vão engordar os resultados dos principais bancos brasileiros no primeiro trimestre deste ano, que começam a ser divulgados a partir de hoje, com o demonstrativo financeiro do Bradesco. A situação confortável deverá se manter por todo o ano, segundo expectativas dos analistas do setor, que acreditam também na manutenção ou elevação das notas de rating das instituições. Pesquisa elaborada pela Austin Rating, classificadora de risco de crédito, aponta crescimento de dois dígitos no lucro do Banco Itaú, Bradesco, Banco do Brasil (BB) e Unibanco, no trimestre. O Bradesco, conforme o levantamento, deve apresentar hoje ao mercado um lucro recorrente (não contabiliza eventos extraordinários) próximo de R$ 2,1 bilhões no período, um aumento de 23,5% quando comparado ao resultado de R$ 1,705 bilhão registrado no primeiro trimestre do ano passado. Se computados os R$ 350 milhões obtidos com o IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) da rede de cartão Visa, o lucro sobe para R$ 2,45 bilhões, ressaltou Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, que espera que o retorno sobre o patrimônio líquido do Bradesco fique em aproximadamente 28%. "O índice de eficiência dos bancos também continua bom, bem como o de qualidade da carteira, o que nos faz acreditar em mais um ano muito positivo", disse Rodrigues, ressaltando que o crescimento esperado para o primeiro trimestre está baseado em um aumento de 28% da carteira de crédito do setor, na alta dos spreads e no bom controle, e provisões adequadas, para contenção da inadimplência. "Os dados do BC (Banco Central) indicam continuidade da forte demanda por crédito tanto por parte de pessoas físicas quanto jurídicas", apontou o analista de bancos da Corretora Itaú, Alcir Freitas. O executivo lembra que havia uma expectativa de desaceleração do crescimento da carteira no trimestre, o que não ocorreu. "A perspectiva é que cresça entre 22% e 25% este ano, o que é muito bom, pois é sobre uma base já bastante forte." Freitas observou ainda que as margens das instituições devem ficar mais estáveis este ano. "Em 2007, foram declinantes", afirmou. A alta na taxa Selic, que pode subir mais entre 1,5 ponto percentual (p.p.) e 2 p.p. neste ano, estima Rodrigues, deve contribuir também, já que melhora a remuneração da carteira de títulos públicos dos bancos. Para o Banco Itaú a previsão da Austin Rating é lucro 15,8% maior no primeiro trimestre de 2008, alcançando R$ 2,2 bilhões. O Banco do Brasil deverá lucrar R$ 1,6 bilhão, evolução de 14,3% ante o resultado do mesmo intervalo de 2007. Já previsão de expansão para a Unibanco é de 20,6% na mesma base de comparação, para R$ 700 milhões entre janeiro e março. As projeções da Corretora Itaú apontam crescimento de 20,6% no resultado recorrente do Bradesco no período, para R$ 2,05 bilhões; de 24,2% no lucro do Unibanco, que deverá atingir R$ 722 milhões; e de 10,9% no lucro do Banco do Brasil, para R$ 1,56 bilhão no primeiro trimestre deste ano. Bancos médios As instituições de médio porte tendem a apresentar resultados expressivos entre janeiro e março, também influenciados pelos mesmos aspectos que devem beneficiar os grandes bancos, conforme os executivos. Freitas, da Corretora Itaú, ressaltou, entretanto, que a volatilidade nos mercados pode afetar algumas instituições menores. "A expectativa de crescimento para os médios é muito acima da estimativa média para o mercado, mas nesse primeiro trimestre um ou outro pode crescer menos, mas ainda assim ficará acima da média." Freitas disse que a alta da Selic sacrifica um pouco o crescimento dos médios, mas a desaceleração será pequena por conta do aumento dos níveis de emprego e renda no País. Rodrigues, da Austin, disse que o custo de captação mais alto - subiu de cerca de 100% ou 101% a 106% ou 107% do CDI - no período para os bancos grandes pode causar maior impacto nos médios, que correm o risco de perder operações ao repassar esses aumentos para os clientes. "Pode encarecer o crédito desses bancos", afirmou Rodrigues, ressaltando que as instituições que fizeram IPO podem ter melhor desempenho. A analista Milena Zaniboni, da Standard & Poor¿s, agência de classificação de risco, avalia que, apesar de estar mais difícil captar no mercado internacional - por causa da crise do subprime -, não há problema de liquidez para os bancos brasileiros. "As instituições conseguem se financiar bem no mercado doméstico. O custo de captação subiu, mas os bancos continuam a emprestar com lucratividade." Milena prevê cenário de continuidade do crescimento da demanda por crédito, mesmo que em percentuais menores que nos últimos dois anos, e na qualidade das carteiras, com inadimplência sob controle. "Crescimento de crédito é característico de mercados estáveis." A Standard & Poor¿s avalia que os bancos brasileiros apresentarão boa rentabilidade este ano e mantém o rating de estável ou positivo para as instituições financeiras brasileiras. "O rating dos bancos é muito influenciado pelo do País." (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)()