Título: Agência regulatória sueca tem desafios similares aos da Anatel
Autor: Costa , Thaís
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/04/2008, TI & Telecom, p. C5

Estocolmo, 29 de Abril de 2008 - Embora a Suécia desfrute de um desenvolvimento em TI e telecom muito superior ao brasileiro e ao do resto do mundo, a agência de regulamentação sueca (PTS) enfrenta problemas similares aos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Atualmente, a PTS se ocupa de organizar o próximo leilão de espectro de freqüência para competição entre as operadoras de TV a cabo e as telefônicas, que vai proceder a evolução de analógico para digital. Está previsto um leiläo em 2012 e já se sabe que haverá disputa ferrenha. A agência pensa em dividir o espectro meio a meio para teles e operadoras de TV, afirma o conselheiro sênior da PTS, Ola Bergström. Outro problema constante enfrentado, comuns aos dois países, é a cobertura de áreas ermas do território, onde a população é pouco adensada e as teles não se interessam em dar cobertura alegando que não haveria retorno financeiro suficiente. Segundo Bergström, o governo subsidia as operadoras para que levem as tecnologias mais recentes de norte a sul. A Suécia tem 9,22 milhões de habitantes espalhados em área de grandes dimensöes e que passam a maior parte do ano em baixas temperaturas. Acontece o mesmo no Brasil, no qual os grandes centros atraem quatro ou até mais operadoras, enquanto poucas iriam de vontade própria a cidades do Norte e Nordeste onde a renda média é baixa. Com 260 empregados, a PTS reúne receita anual de ¿ 60 milhöes, sendo que metade se origina de cobranças diretas das teles e metade de apropriações do orçamento do governo. Segundo Bergström, a independência governamental é uma tradição da PTS desde o século XVIII. O conselho diretor decide o que fazer com os recursos e o governo simplesmente acata. Mas quanto aos resultados dos leilöes, aí ocorre o mesmo que no Brasil: eles näo väo para o setor de telecom (como as teles gostariam) e sim ajudam a rechear os cofres do governo. A competição e o gerenciamento de freqüência são, como para a Anatel, as principais funçöes da PTS. Além de se adequar às exigências da regulamentação sueca, a PTS também segue as regras da Comunidade Européia. Bergström explica que até 2002, o sistema era diferente. A regulamentação mudou. E está sempre mudando e se adaptando às novas tecnologias. Dessa forma, a PTS conseguiu um bom nível de cobertura em todo o país. A Suécia desfruta de 94% de cobertura celular. Nos grandes centros, esse porcentual ultrapassa os 100%, devido ao fato de já ser comum todo cidadão dispor de banda larga móvel, de forma que o modem se adiciona ao número do celular, compondo dois acessos móveis por pessoa. A Suécia é dos países com as menores tarifas de telecom da União Européia, atrás só do Chipre e da Holanda. Há quatro operadoras - Telia Sonera, TeleNor, Tele 2 e "3". As três primeiras têm convergência entre linhas fixas e celulares e a quarta opera täo somente telefonia móvel de 3G. Em termos de telefonia fixa, a penetração é completa - há 5,5 milhöes de linhas em serviço - e, como no Brasil, não existe competição. Mas a operadora monopolista Telia Sonera é obrigada a ceder sua infra-estrutura a quem quiser oferecer servicos. Esse sistema de compartilhamento obrigatório de estrutura é conhecido mundialmente por "unbundling" e até hoje não pegou no Brasil, apesar das reivindicações da Associação das Operadoras Competidoras (Telcomp). A 3G já está plenamente em uso na Suécia, onde 92% das pessoas têm acesso à banda larga pelo celular. Os laptops que se vêem em todos os locais públicos de Estocolmo trafegam dados a velocidades de 7,2 Mbps (em São Paulo o mais comum é 1 Mbps). (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)(- Viajou a convite do governo sueco)