Título: Indústria de alimento já sente impacto da alta dos insumos
Autor: França, Anna Lúcia
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2008, Nacional, p. A5

São Paulo, 30 de Abril de 2008 - O aumento dos preços das commodities agrícolas já bateram às portas das indústrias de alimentos paulistas. O choque nos custos levou a redução do Indicador do Nível de Atividade (INA) do setor em 0,6% no mês de março comparado a fevereiro, já com ajuste sazonal, conforme levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Em relação a março de 2007, a queda chegou a 2,6%. No acumulado do primeiro trimestre de 2008, houve redução de 1,1% em relação a igual período do ano passado. Segundo diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da FIESP, Paulo Francini, os dados mostram que ao mesmo tempo em que o IPC subia a demanda caía e o INA acompanhava a queda. No total, o nível de atividade da indústria paulista em março registrou queda de 4,3%, com ajuste sazonal, em relação a fevereiro deste ano. Comparado a março do ano passado, porém, foi 3,5% superior. Já no primeiro trimestre do ano, o INA acumula um crescimento robusto de 8,5% em relação a igual período de 2007. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice totaliza 7,2% de alta. A queda registrada em março, conforme a Fiesp, deve-se a mudanças nas médias de comparações entre fevereiro e março. Isso porque este ano foi bem atípico. Por ser bissexto, a média de dias úteis de fevereiro passou de 18 para 19 dias. Já o grande número de feriados em março reduziu essa média de 22,5 para apenas 20. "O fato de o índice dessazonalizado ter ficado abaixo não significa uma redução efetiva, mas sim relativa", explica Francini, acrescentando que houve um crescimento sim, mas menor do que o de costume, "daí a queda". Só para se ter uma idéia, a média de crescimento sem ajuste sazonal, de 5,9% em 2008, é a mais baixa dos últimos seis anos. Máquinas e equipamentos continua mantendo em março o mesmo crescimento vigoroso dos últimos meses, encerrando o trimestre com alta 13% sobre 2007 e acumulando 14,6% de aumento nos últimos 12 meses, bem acima da média de 7,2% da indústria como um todo. "Máquina continua bem acima do INA e sem sinais de reversão, num indicador claro dos investimentos", acrescenta Francini. A pesquisa da Fiesp já demonstra que o Nível de Utilização de Capacidade Instalada (NUCI) de alguns setores já começam a chegar ao limite. Caso da indústria de veículos automotores, que utilizou em março 94,1% de sua capacidade, ante os 90,6% de fevereiro e os 85,9% registrado em março de 2007. Já a indústria de refino de petróleo, combustíveis e produção de álcool está usando 91,8% da capacidade, abaixo dos 97,6% registrados em março de 2007 e dos 93,3% de fevereiro. "O fato de estar num alto nível de utilização não ruim, porque mostra que estamos num ritmo virtuoso que induz novos investimentos. Só é preciso esperar a maturação destas aplicações", explica o economista da Fiesp. Segundo Francini, os números do primeiro trimestre mostram que a indústria continua num bom momento e a pesquisa Sensor, realizada pela entidade, demonstra que deve continuar assim. "Os números do Sensor demonstram que o desempenho não causa preocupação". diz. Outro setor que teve o comportamento destacado pela Fiesp foi o de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos, que caiu 7,1% em março, comparado a fevereiro de 2008, com ajuste sazonal. No trimestre, porém, o segmento totaliza alta de 27,3%, ante 2007, acumulando alta de 7,5% nos últimos 12 meses. "O setor teve forte alta durante a vigência do `Programa Luz para Todos¿, em 2005, e agora voltou a crescer com a recuperação da construção civil e a ampliação das redes de energia elétrica", explica Paulo Francini, do Depecon da Fiesp. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Anna Lúcia França)