Título: Em busca de mais concorrentes, Aneel prorroga leilão de Jirau
Autor: Scrivano, Roberta ; Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2008, Infra-estrutura, p. C7

30 de Abril de 2008 - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) postergou para o dia 19 de maio a realização do leilão da usina hidrelétrica de Jirau - o segundo empreendimento previsto para o rio Madeira -, anteriormente marcado para 12 de maio. O Ministério de Minas e Energia informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que "a alteração da data foi feita para que o certame tenha mais consórcios inscritos", já que, com o adiamento do leilão, as datas para entrega dos documentos e depósito das garantias também foram alteradas. Os documentos poderão ser entregues até o dia 12 de maio e os aportes ficaram para o dia 14 do mesmo mês. Em contrapartida, uma fonte do governo federal afirma que a expectativa do Planalto é, com um maior número de participantes, diminuir o preço da energia, já que levará a licitação quem der o menor lance para o preço do megawatt-hora (MWh) em relação ao preço-teto estabelecido em R$ 91. Também circula pela Esplanada dos ministérios que a construtora Odebrecht, que realizou os estudos de avaliação de viabilidade técnica para construir as usinas do rio Madeira, é a favorita para levar a segunda hidrelétrica, como já fez com Santo Antônio, em um consórcio junto com a estatal Furnas. A Aneel, por sua vez, divulgou um comunicado dizendo que "a alteração da data atende a Portaria nº 162, com data de hoje, do Ministério de Minas e Energia". "Este modelo de leilão está consolidado e é um sucesso. O atraso na data da realização certamente foi definido para adaptação, como por exemplo, do informe divulgado pelo BNDES, na segunda-feira, que financiará até 75% da obra", diz Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A avaliação de Castro se dá por conta de o modelo usado para o leilão de Jirau ser o mesmo da primeira usina do rio Madeira, a de Santo Antonio, realizado em dezembro do ano passado. O consórcio que levou o primeiro empreendimento, encabeçado pela Odebrecht e por Furnas, venceu a licitação com um lance de R$ 78,87 por MWh. O valor representa um deságio de 35% do máximo estipulado pela Aneel, que era R$ 122 por MWh. O consórcio vencedor, chamado Madeira Energia, foi formado por Odebrecht Investimentos em Infra-estrutura (17,6%); Construtora Norberto Odebrecht (1%); Andrade Gutierrez (12,4%); Furnas (39%); Cemig (10%) e Fundo de Investimentos e Participações, dos bancos Banif e Santander (20%). Consórcios Para o novo leilão, a Odebrecht manterá a parceria com a estatal Furnas e já entregou os documentos, mas deixará para fazer o depósito das garantias nos últimos dias de prazo. A multinacional Suez, que controla a Tractebel, por sua vez, ainda não entregou os documentos para a inscrição, mas confirma o interesse na licitação. A Camargo Corrêa também deve participar. Sobre a usina A usina Jirau terá 3.300 megawatts (MW) de capacidade instalada. O empreendimento deverá gerar energia a partir de janeiro de 2013, data prevista para a entrada em operação das três primeiras unidades geradoras. O preço máximo para o MWh está estipulado em R$ 91 e vence quem der o menor lance. Até 30% da energia poderá ser comercializada no mercado livre, formado por grandes consumidores de energia. O projeto inclui a instalação de 44 turbinas e a área do reservatório terá 258 quilômetros quadrados. O prazo, contado desde a assinatura do contrato de concessão até a implantação final do empreendimento, é de 90 meses, equivalente a 7,5 anos. O valor total do investimento, avaliado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), foi definido em R$ 8,7 bilhões, com data de referência de outubro de 2007. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Roberta Scrivano e Rivadavia Severo)