Título: GVT começa a oferecer VoIP em oito capitais brasileiras
Autor: Thaís Costa
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-13

Tecnologia reduz custos de longa distância e dá mobilidade ao usuário. A GVT vai entrar no negócio de voz sobre IP e com isso promover uma revolução na telefonia convencional que todos conhecemos e utilizamos, promete Amos Genish, presidente da operadora de telefonia fixa que começou atuando nas regiões Centro-Oeste e Sul como espelho da Brasil Telecom e depois estendeu sua operação ao mercado corporativo de várias capitais brasileiras. "Trata-se da reinvenção da telefonia e representa uma mudança de paradigmas tão significativa quanto a invenção do telefone", afirmou o executivo citando o presidente da FCC, órgão regulador das telecomunicações dos Estados Unidos.

Largamente utilizado nos EUA e na Ásia, o tráfego de voz sobre a rede internet, conhecida como Voz sobre IP ou VoIP, elimina os custos das chamadas de longa distância e proporciona mobilidade ao usuário. Estas são as principais características do novo formato de comunicação por telefone, segundo Genish. A GVT investiu R$ 50 milhões numa infra-estrutura para oferecer, de imediato, a voz sobre IP em oito capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília e Goiânia. O objetivo da GVT é oferecer números VoIP em outras cidades do Brasil.

Não serão apenas empresas de grande porte o centro de interesse da GVT. A operadora quer também atingir residências e pequenas e médias empresas. "Usar um telefone VoIP é tão simples como um telefone comum, basta plugar qualquer aparelho num pequeno adaptador ou falar de um computador", disse. A economia que resultará será de 70% nas chamadas de longa distância e de 90% no roaming celular.

A primeira característica do telefone sobre internet é que ele não conhece a longa distância. É como o email, que trafega na rede sem discriminar distâncias. Por isso sua indicação é mais interessante para o usuário que faz muitas chamadas para fora de seu estado ou país. Segundo Genish, a GVT tem toda condição e interesse de operar a nova modalidade de telefonia por não possuir, como as concessionárias de telefonia fixa, infra-estrutura de última milha. A seu ver, as operadoras fixas vão perder seus clientes de longa distância de forma progressiva e inevitável. "As teles vão ter de mudar a carteira de produtos e o seu modelo de negócio", afirmou. Ele disse que isto já ocorreu no Japão e nos EUA. E as operadoras de longa distância, como Embratel e Intelig, não vão ter problemas com a última milha. Para atrair clientes das fixas, a GVT vai vender acesso em todo o Brasil. O usuário precisa de um acesso de banda larga e um computador ou um telefone comum com adaptador. Por acreditar que a nova modalidade vai atrair muita clientela, a GVT também prevê que as teles fixas tomem iniciativas anticompetitivas para deter sua atuação.

"VoIP é commodity. Há muitos fornecedores, a chave é a execução", disse. A GVT tem a tecnologia, a licença, a infra-estrutura, o marketing, a capacitação, a marca, a receita e o que mais for necessário, segundo Genish. A mobilidade que resulta do telefone IP é útil para executivos que viajam muito. A mobilidade permite que o número IP acompanhe o usuário e ele tenha acesso ao telefone de onde estiver, sempre pagando tarifas de telefonia local. Uma empresa pode inclusive ter endereços IP em várias capitais do Brasil, como escritórios virtuais.

Alguns produtos foram empacotados para inaugurar a fase de VoIP da GVT. O WebFone e o WebFone Virtual visam ao mercado residencial e a quem tem uma linha da GVT, por isso está restrito à região da concessão. O telefone virtual depende da instalação de um software em um computador multimídia, mediante o uso de uma senha fornecida pela GVT. A mensalidade a ser paga é de R$ 3,99, que se soma à tarifa local pelos minutos de ligação. Para o mercado corporativo, a GVT desenvolveu a família OmniGVT.

Embora a GVT reconheça ser difícil prever a expansão de sua iniciativa, ela espera que a receita a ser gerada por VoIP atinja R$ 240 milhões em 2006, ou 20% da receita total estimada em R$ 1,2 bilhão.