Título: Empresários fazem doações para a educação brasileira
Autor: Oliveira, Regiane de
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/05/2008, Administração e Serviços, p. C3

São Paulo, 2 de Maio de 2008 - O clima era de expectativa entre os cerca de 320 empresários e executivos que compareceram ao 7º Fórum Empresarial de Comandatuba, realizado pelo Grupo Líderes Empresariais (Lide), no mês passado. E o motivo não poderia ser o mais improvável: os empresários estavam afoitos para dar dinheiro. Quando o presidente do Lide, João Dória Júnior, informou que começaria a receber doações para o Instituto Ayrton Senna (IAS), um burburinho tomou conta do recinto. Nada que possa lembrar a tradicional arte de passar o chapéu em eventos beneficientes, só se estivéssemos falando de um sombreiro mexicano. Isso porque nos primeiros 30 minutos de eventos, cerca de R$ 4 milhões já haviam sido doados para o IAS. No final do dia, foram recebidos R$ 5,425 milhões. Empresas e pessoas físicas doaram o que estava dentro do alcance, todos no limite mínimo estabelecido de R$ 5 mil mensais, no total de R$ 60 mil/ ano. Entre os patrocinadores estão Avis, Grupo Martins, Dudalina, Rede Record, Pepsico, Coimex, Unidas, Ponto Frio, Odontoprev, DM9 e Brasil Telecom. Paralelamente, os empresários ainda doaram 130 mil cobertores para o Fundo Social de Solidariedade de São Paulo, presidido pela primeira-dama Mônica Serra, que esteve presente ao evento. Os cobertores serão distribuídos para a população carente do estado durante a Campanha do Agasalho. Investir no IAS parecia uma opção mais segura que aplicar em fundo DI em época de alta de juros. E veja que nenhuma aplicação é capaz de dar resultados tão sólidos. No que diz respeito à educação, Viviane Senna já provou que a entidade encontrou a fórmula, que ela chama de verdadeiras vacinas para a crise da educação. Os programas do IAS atendem 1,5 milhão de alunos em todo o País, e cada aluno recebe investimentos de cerca de R$ 8 por mês. E os recursos obtidos com a doação durante o Fórum Empresarial representam, em média, 50% da arrecadação da entidade no ano. Aliás, João Dória já "passa o chapéu" há cinco anos para a entidade. Só a parceria do instituto com o Lide/EDH (Empresários para o desenvolvimento Humano) atendeu, nos últimos cinco anos, 500 mil crianças em Pernambuco, em 180 municípios. Trata-se de programas emergenciais como o Se Liga e o Acelera Brasil, que visam resgatar a auto-estima das crianças por meio de instrumentos efetivos de alfabetização e também ferramentas para acelerar o aprendizado. Outros programas, como o Circuito Campeão e a Gestão Nota 10, são de caráter preventivo, atuando na manutenção dos resultados obtidos. Funciona como em uma empresa, explica Viviane, "limpa-se o estoque mas logo ele volta para o mesmo lugar" Segundo ela, é um processo contínuo." Os resultados no estado são que a taxa de abandono no Acelera é 71% menor que o abandono nas turmas regulares. Além do mais, 83,7% das crianças que concluíram o Se Liga foram alfabetizadas. No caso do Circuito Campeão, 69% dos alunos acompanhados, que cursaram a 2.ª série do ensino fundamental, passaram de ano. O mesmo sistema está sendo implantado na Paraíba, onde só em 2007 foram atendidas 18,6 mil crianças. E com resultados bastante inspiradores: 63,7% dos alunos que concluíram o Acelera conseguiram saltar séries, aproximando-se da turma correta para sua idade. A taxa de promoção do programa supera os índices nacionais. Enquanto no Brasil a média de promoção de alunos da 4ª série regular é de 80%, na Paraíba é de 95%. A evolução da alfabetização também é expressiva: 89,5% dos alunos que concluíram o Se Liga foram alfabetizados. Por isso, não faltam estados interessados em conseguir levar a metodologia do instituto para ajudar na solução de seus problemas de educação. Afinal, os problemas são muitos, e mais alarmantes do que aparentam. Só para ilustrar, Viviane afirma que no Brasil a média de escolaridade da população é de sete anos, enquanto nos Estados Unidos é de 13 anos. A expectativa, afirma ela, é que a renda do brasileiro dobraria se tivéssemos a mesma média dos EUA. "A má distribuição de renda se deve à má distribuição da educação". (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Regiane de Oliveira)