Título: Ministério manterá térmicas a gás ligadas
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/05/2008, Infra-Estrutura, p. C6

Brasília, 6 de Maio de 2008 - O governo vai manter ligadas as usinas térmicas movidas e gás e carvão, mas vai desligar as usinas a óleo diesel. O anúncio foi feito, ontem, pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ao término da reunião do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico, (CMSE). "Tomamos hoje a decisão de desligar todas as termelétricas movidas a diesel. Porém vamos manter as usinas a gás e a carvão", disse Lobão. Segundo ele, a manutenção das usinas a gás e a carvão é por "excesso de zelo", já que afirma que não faltará energia e que a medida serve para garantir o abastecimento em 2009 e 2010. Com a mudança, serão desligados 2.500 megawatts (MW) de usinas acionadas por óleo combustível e diesel e permanecerão outros 3.600 MW de gás e carvão. Os custos da manutenção das usinas a gás e carvão foram minimizados pelo ministro. "São residuais". Mas ele enfatizou que a economia estimada pelo ministério será de R$ 300 milhões por mês com o desligamentos das térmicas a óleo diesel. Na próxima semana, o CMSE vai realizar outra reunião para tratar do tema das térmicas a gás e carvão. "Faremos uma reunião extraordinária e vamos reavaliar essa decisão", disse. O governo se diz tranqüilo quanto ao abastecimento de energia, porque no final do período de chuvas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste os reservatórios das hidrelétricas estão cheios e alguns estão vertendo água. "Não vemos risco de falta de energia. As dificuldades apontadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) são avaliadas de forma diferente pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética)", justificou. A EPE é uma empresa ligada ao ministério e em seus cálculos não entra uma possível falta de energia. Energia para a Argentina O fornecimento de energia para a Argentina foi confirmado pelo ministro Lobão. Ele disse que o País vai começar o envio para os vizinhos a partir da próxima semana. Na segunda-feira, serão despachados 500 MW e o volume vai aumentar até 800 MW no final da semana. A linha de transmissão tem capacidade para levar até 1.500 MW para o outro lado da fronteira. O ministro informou que a Argentina vai pagar parte do empréstimo da energia e que o restante será devolvido para o País, quando o Brasil precisar de mais carga. "É uma decisão de geopolítica. Eles nos ajudaram quando precisamos", justificou Lobão. Segundo ele, a decisão de manter usinas a gás e carvão ligadas nada tem a ver com o empréstimo para a Argentina. "Poderíamos fazer isso com as térmicas desligadas, mas por precaução é bom manter as usinas ligadas". Lobão ainda afirmou que onde houver formação de cartel para elevar o preço da gasolina na bomba, o governo vai reprimir essa alta (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Rivadavia Severo)