Título: Indústria desacelera e indica PIB mais modesto no trimestre
Autor: Saito, Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/05/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 7 de Maio de 2008 - A produção industrial reduziu o ritmo de expansão nos três primeiros meses do ano, indicando para um crescimento mais modesto da economia brasileira em relação ao último trimestre de 2007. Para os economistas, a desaceleração prevista para o ano deve-se à diminuição do impulso do crédito ao consumo, ao maior impacto negativo do setor externo e à inflação de alimentos. Projeções preliminares apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 0,3% e 0,5% no período, após expansão de 1,6% no último trimestre do ano passado. Na comparação anual, o avanço estimado por economistas é de 5,2% a 5,5% nos três primeiros meses do ano, ante taxa de 6,2% de outubro a dezembro de 2007. "Produção desacelerou e isso sinaliza um crescimento menor do PIB, de 0,5% ( a preços de mercado)", afirma o economista da LCA Consultores, Bráulio Borges. No período de janeiro a março, a produção industrial cresceu 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado e 0,4% na comparação com o trimestre anterior, quando avançou 1,9%. No acumulado nos últimos doze meses, o crescimento foi de 6,6% até março, perdendo ritmo em relação a fevereiro (6,9%), segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "A atividade não tem a mesma dinâmica dos meses anteriores, apresentando um crescimento mais modesto na margem", diz a economista-chefe do Banco Real, Zeina Latif. Na sua avaliação, o quadro continua favorável, mas já não conta, por exemplo, com o mesmo impulso monetário. Além disso, as exportações devem reduzir sua contribuição para a atividade fabril. Segundo Borges, a contribuição negativa do setor externo no crescimento do PIB deve subir de 1,4 no ano passado para 1,8 ponto percentual em 2008. No primeiro trimestre, calcula, o impacto ficou em torno de 2 pontos. "Na prática, significa que as importações estão abastecendo uma maior parcela do mercado doméstico", diz. O economista da LCA afirma que também contribui para o cenário de atividade econômica mais moderada a diminuição de renda disponível para o consumo nas classes D e E, devido ao encarecimento dos alimentos. "O reajuste do salário mínimo foi o menor desde 2004. Além disso, o Bolsa Família, que subiu 17% em 2007, deve ter um aumento, se tiver, de apenas 5%", acrescenta. Abaixo das projeções O crescimento de 1,3% em março da produção industrial em relação a igual mês do ano passado ficou abaixo das previsões do mercado. A LCA esperava alta de 3,5% para o período, enquanto o Banco Real projetava 2,7%. Segundo os economistas, o desempenho do setor de refino de petróleo e produção de álcool explica o resultado fraco de março. A atividade representa 8% da produção industrial e registrou queda de 8,7% em relação a março do ano passado, devido à paralisação técnica de uma refinaria, conforme informou o IBGE. "A indústria farmacêutica, que apresentou queda em fevereiro, também recuperou apenas parcialmente as perdas em março", acrescenta Borges. Segundo o IBGE, 14 dos 27 ramos pesquisados apresentaram aumento de produção, com destaque para veículos automotores (11,3%), máquinas e equipamentos (6,6%), outros equipamentos de transporte (22,5%) e metalurgia básica (5,5%). Além de refino de petróleo e produção de álcool, apresentaram reduções mais expressivas máquinas para escritório e equipamentos de informática (-16,9%), alimentos (-2,6%) e bebidas (-6,9%). De fevereiro para março, a indústria apresentou acréscimo de 0,4%, com o crescimento de 17 dos 27 ramos pesquisados. Entre os destaques, estão indústria farmacêutica (16,0%), veículos automotores (1,6%), edição e impressão (2,4%), minerais não-metálicos (2,3%) e metalurgia básica (1,2%). A queda mais significativa ocorreu em refino de petróleo e produção de álcool (-11,0%). (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ana Carolina Saito)