Título: Varejo ficará sem produtos populares importados da China
Autor: Assis, Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/05/2008, Nacional, p. A6

São Paulo, 7 de Maio de 2008 - Os lojistas e distribuidores ficarão sem produtos baratos importados em um momento em que as vendas estão aquecidas em função do Dia das Mães. De acordo com Gustavo Dedivitis, presidente da Associação Brasileira do Importadores de Produtos Populares (Abipp) o mercado brasileiro absorve 200 milhões de unidades por ano. Com a greve dos auditores fiscais, esse volume terá uma quebra de 40%. "Quando não tem mercadoria legal, aparecem as ilegais, de contrabando", afirma. O mercado brasileiro é abastecido por 25 empresas responsáveis pela importação de cerca de 4 mil itens de baixo preço. São porta-retrados, utilidades domésticas, linhas de cama e mesa, enfeites trazidos da China, informa Dedivitis. Estes produtos importados representam 40% do mercado de produtos baratos que movimenta R$ 9 bilhões por ano. Os 60% restantes são fornecidos por fabricantes nacionais. Na avaliação da Abipp, cerca de 60 mil pontos de venda que comercializam presentes a valores de R$ 1,00 a R$ 15,00. "O dólar barato ajudou muito o mercado", comenta Dedivitis. O câmbio favorável tornou possível melhorar a qualidade dos itens importados. Neste período do ano, as vendas sazonais do Dia das Mães serão prejudicadas. Vários associados entraram com mandatos de segurança para liberar suas mercadorias e "isso acaba trazendo problemas para o importador que teme a retaliação da Receita", afirma Dedivitis. Os portos abarrotados também representam uma dificuldade para a internalização dos produtos. "Um contêiner de um importador foi parar na África", diz o presidente da Abipp. Sem espaço para descarregar os contêineres no porto de Santos (SP) um dos navios seguiu a rota com a carga de uma das empresas associadas até o continente africano. As taxas dos armadores são custos adicionais que as companhias têm de absorver com a paralisação. Os valores variam de acordo com os contratos das empresas mas chegam a US$ 45 por dia. "Cada vez fica mais difícil importar", assinala Dedivitis. Os importadores da Abipp colocam seus produtos nas prateleiras de cerca de 60 mil pequenos comerciantes, distribuidores e lojas de bairro do País. Dedivitis respeita o direito dos auditores fiscais. No entanto, considera que "não dá para parar um país e prejudicar tantas empresas". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Jaime Soares de Assis)