Título: Terminais portuários do Brasil estão perto do limite
Autor: Assis, Jaime Soares
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/05/2008, Nacional, p. A6
São Paulo, 9 de Maio de 2008 - Os terminais portuários brasileiros estão perto do limite operacional devido ao acúmulo de contêineres e à lentidão na liberação de cargas. Com a greve dos auditores fiscais iniciada em 18 março e suspensa temporariamente até 1 de junho, os armadores atravessaram um período tenso e conviveram com o risco de terem de suspender a escala nos portos por falta de condições de atracamento. Parte da carga passa pela "canal verde" e é internalizada. "O problema são as que exigem vistoria, que têm de enfrentar a lentidão dos terminais. Há uma quantidade maior de contêineres nos portos e a produtividade dos navios fica comprometida", afirma Elmer Alves Justo - gerente da empresa japonesa de transportes marítimos NYK Line do Brasil Ltda. (Nippon Yusen Kaisha) no porto de Santos (SP). Para contornar o acúmulo nas áreas dos terminais, os funcionários aumentaram o empilhamento de contêineres e têm de remover cargas para liberar espaço e alcançar as encomendas. Como há demora no desembaraço, os contêineres ficam nas mãos dos clientes mais tempo que o normal. Desta forma, a demora para retornar à NYK afeta os exportadores. Segundo Justo, os importadores ficavam em média de 10 a 15 dias com os contêineres. Com a paralisação, este período se dilatou e passou ser de 20 a 25 dias. A NYK tem adotado algumas medidas para minimizar as dificuldades dos exportadores. Uma delas, segundo Justo, foi estreitar o relacionamento com os clientes para que eles antecipassem a devolução dos equipamentos. A empresa, que presta serviços nas rotas da América do Sul com Ásia, Europa e Estados Unidos, decidiu também atrasar em um mês o reposicionamento de contêineres vazios, que são enviados a portos em outros continentes que têm demanda maior de movimentação de carga. Em média, a NYK transfere de 700 a 800 contêineres mensais. Estas remessas estão sendo proteladas. "Em Santos há um esforço conjunto dos portuários e dos caminhoneiros para escoar as cargas", comenta Justo. A preocupação da NYK, que realiza cerca de 80 escalas mensais nos portos brasileiros, está relacionada ao cumprimento da programação, que, em vários terminais internacionais, estabelece data para atracação de navios. "Todos os dias vivemos a apreensão de saber quando será o dia crítico", diz Justo. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Jaime Soares de Assis)