Título: ABN é escolhido para administrar fundo de R$ 1,6 bilhão do BID
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O ABN Amro Asset Management foi o gestor escolhido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para administrar o Fundo Brasileiro de Investimentos em Infra-Estrutura (BIIF) - carteira que terá o patrimônio de R$ 1,67 bilhão (US$ 575 milhões) e vai promover investimentos de longo prazo no setor de infra-estrutura. O fundo será lançado no quarto trimestre.

Segundo Marcos Matioli Vieira, diretor-executivo do ABN - e coordenador do BIIF -, o próximo passo é registrar a carteira na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e iniciar a captação de recursos, para depois alocá-los. Pelas regras do BID, o ABN se compromete a fazer um aporte na carteira. O desembolso será algo entre 2% a 5% do patrimônio do BIIF - ou seja, até US$ 29 milhões. Para captar recursos, a gestora vai vender cotas da carteira para os investidores institucionais (como os fundos de pensão e as seguradoras).

Para selecionar o gesto, o BID exigiu que a instituição tivesse patrimônio líquido de, no mínimo, R$ 500 milhões e experiência de pelo menos 5 anos com renda fixa e variável. O ABN Amro tem patrimônio de R$ 26,9 bilhões, segundo o ranking mais recente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), de julho - o nono maior gestor de recursos do Brasil.

Segundo fontes do mercado, o ABN foi escolhido entre os quatro finalistas do processo de seleção: Pactual, Banco Pátria de Investimentos e a Mellon.

Dos US$ 575 milhões do patrimônio do fundo, US$ 75 milhões são de um empréstimo do próprio BID. A carteira vai financiar projetos nos setores de energia, transporte, telecomunicações, água e saneamento. O BIIF pode aplicar os recursos em debêntures, ações e bônus de subscrição.

O critério que mais pesou para a escolha da gestora (peso de 30%), segundo as regras do BID, foi a qualidade geral dos profissionais da instituição; outro item foi o "perfil institucional", com peso de 10%, que inclui a percepção da marca pelo mercado e a posição do gestor no ranking da Anbid.

Segundo o banco, o BIIF também tem como objetivo "desenvolver e sofisticar" o mercado de capitais brasileiro e consolidar o conceito de investimento socialmente responsável, com preocupações sociais, ambientais e de governança corporativa. O BIIF está dentro da categoria Fundo de Investimento em Participações, recém-criada pela CVM com as Instruções 406 e 391, para viabilizar este tipo de investimento.

O processo de seleção começou em julho, com a publicação nos jornais de um anúncio convidando as gestoras a se inscreverem. O nome da instituição escolhida estava previsto para ser anunciado no dia 31 de agosto, mas por causa de alguns atrasos, só foi divulgado ontem à tarde.