Título: Nova geração de robôs chega aos hospitais brasileiros
Autor: Gotardello Filho, Wilson
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/05/2008, Empresas, p. C1
São Paulo, 14 de Maio de 2008 - Já está em uso nos hospitais Albert Eistein e Sírio Libanês, em São Paulo, a última geração em equipamentos médicos: robôs de quatro braços que auxiliam os cirurgiões em operações delicadas - anteriormente, o Brasil contava apenas com robôs de um braço. Produzidos pela norte-americana Intuitive Surgical, os robôs foram importados pelos hospitais brasileiros pela bagatela de US$ 2 milhões cada um. Apesar do alto valor, os dois equipamentos ganharão um companheiro, que deve chegar nas próximas semanas ao Hospital Oswaldo Cruz, também em São Paulo. A precisão dos novos equipamentos dá vantagens para cirurgias em crianças, que possuem órgãos menores, e em processos delicados, como a prostatectomia radical (retirada total da glândula prostática). Até agora, no Brasil, essa última intervenção foi a única realizada com o auxílio dos novos robôs. Na maneira tradicional, mais invasiva - com um corte que vai do umbigo até a região peniana -, entre 50% e 70% dos pacientes operados perdem parte da potência sexual após a cirurgia. Com o auxílio dos robôs, esse índice fica na faixa de 20% e cerca de cinco orifícios de até 10 milimetros na região abdominal são suficientes para resolver o problema. Com os quatro braços, os médicos conseguem identificar os feixes vásculo-nervosos responsáveis pela ereção na região operada, reduzindo os riscos de danificá-los. O volume de sangue perdido durante uma operação também é reduzido quando feitas com auxílio dos equipamentos. "Em cirurgia aberta o paciente perde de 600 mililitros a um litro de sangue. Com a cirurgia robótica esse volume cai para 200 mililitros", explicou José Roberto Kauffmann, um dos seis médicos que estão operando com os novos robôs no Brasil. O tempo de internação também ficou mais curtos com a nova tecnologia, cerca de dois dias. Na cirurgia tradicional, a internação chega a cinco dias. O País foi o primeiro latino-americano a ter robôs de quatro braços. No mundo, existem 600 equipamentos do tipo, 400 deles estão nos Estados Unidos - onde custam cerca de US$ 1,5 milhão - e os outros estão instalados em países da Europa Ocidental, Austrália, Japão, Coréia do Sul e, agora, no Brasil. Segundo Kauffmann, as cirurgias com este tipo de robô foram aprovadas pela Food and Drug Administration (agência do governo norte-americano que regulamenta as atividades médicas no País) em 2000. Desde então as cirurgias deste tipo vêm se popularizando cada vez mais. "De 2005 para 2007 teve um boom dessas cirurgias nos Estados Unidos", disse. Em 2005, 20% das prostatectomias feitas no país foram com auxílio desses equipamentos. Em 2007, esse índice alcançou 70% das cirurgias. Brasil No Brasil foram realizadas 10 operações de prostatectomia até agora. De acordo com Kauffmann, para poder operar os novos robôs sozinho, um médico precisa acompanhar pelo menos quatro cirurgias com um profissional tutor, que é indicado pela fabricante. Os altos preços do equipamento vão impactar nos custos das cirurgias. Um paciente que optar por realizar uma operação de próstata com os novos robôs desembolsará, além do preço normal dos médicos e da internação, um valor adicional que varia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. "E os hospitais estão subsidiando parte desse custo", afirmou o médico. Além do equipamento, os robôs utilizam três instrumentos descartáveis, que podem ser utilizados dez vezes cada um e custam US$ 1,5 mil cada. O preço alto deve limitar a atuação dos robôs no Brasil. Segundo Kauffmann, esses custos não devem cair por enquanto, mas os hospitais podem vir a procurar os convênios para negociar parcerias. Assim como buscar alternativas para o setor público, com universidades ou institutos de pesquisas. No Brasil, a H. Stratner será responsável pela manutenção e assistência técnica dos equipamentos médicos. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)()