Título: Rentabilidade do setor registra alta
Autor: Denise Bueno
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

Em termos de faturamento, a projeção para este ano é chegar aos US$ 20 bilhões. A rentabilidade das seguradoras, ao contrário do que se previa, tem apresentado alta, mesmo com a redução de quase dez pontos percentuais na taxa de juros de 2003 para 2004. De acordo com análise feita pelo consultor Francisco Galiza para o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor/SP), as margens de rentabilidade no primeiro semestre de 2004 indicam uma melhora em relação aos valores do início da década e uma manutenção, quando comparadas aos níveis obtidos em 2003. O retorno sobre o patrimônio líquido passou de 15,8% em 2000 para 17% em 2004.

Um ponto importante deste ano para Galiza é que o faturamento das companhias está em evolução mais favorável. Em termos reais, descontada a taxa de inflação do período, a variação total da receita foi de 12%. "Para 2004, a tendência é que o segmento represente, no mínimo, 3,5% do PIB. Em termos de receita, é possível que se alcance US$ 20 bilhões neste ano, fazendo com que o setor recupere a posição perdida em termos mundiais", comentou. Se essa marca for atingida, as vendas de seguros de vida no Brasil passarão de 0,42% para 0,65% do total mundial. Mesmo assim, ainda há longo espaço a conquistar - na média dos países desenvolvidos, vendas de seguros representam mais de 8% do PIB.

Em termos de lucratividade, o consultor ressaltou a mudança no perfil da carteira para fazer frente à alteração no patamar, para baixo, das taxas de juros. "Até agora, as seguradoras estão tendo sucesso na estratégia", disse o consultor. Segundo o estudo, a participação do resultado financeiro sobre o prêmio ganho saltou dos 10,5% em 2000 para atingir o pico em 2003, de 20,2%. Em 2004, a estimativa de Galiza é de que o ganho financeiro ficará em 16,3%. "É um movimento cíclico de ajuste de carteira. Se os juros caem, as seguradoras aumentam preços e vice-versa", disse o consultor Galiza.

O consultor cita quatro fatores para justificar a situação mais confortável das seguradoras. Primeiro, há um menor percentual de empresas com prejuízo; segundo, o valor total do indicador lucro sobre patrimônio teve uma pequena variação positiva; terceiro, a mediana das taxas de rentabilidade é bem maior (3,6% em 2000, contra 8,2% no primeiro semestre de 2004), mostrando que o lucro, mesmo ainda concentrado, está melhor distribuído entre as companhias; e em quarto lugar, as carteiras estão com mais qualidade, com taxas menores nos indicadores do combinado operacional (CO).

De acordo com o estudo, as seguradoras realmente obtiveram sucesso com o controle de custos administrativos e comerciais. A despesa administrativa passou de uma participação de 19,1% sobre os prêmios ganhos em 2000 para 16,8% em 2004. A tecnologia explica a redução dos gastos com administração da operação. Na Bradesco Seguros, por exemplo, todas as compras do grupo foram centralizadas em um único departamento, responsável por adquirir qualquer produto para o banco e para a seguradora, o que resultou numa economia significativa, principalmente por melhorar o poder de barganha.

As despesas comerciais saíram de uma participação de 16,2% sobre os prêmios ganhos em 2000 para 14,7% em 2004. O corretor de seguros foi afetado, pois teve uma queda em sua comissão. Por outro lado, as seguradoras passaram a remunerar o vendedor na forma de bônus com base na rentabilidade da carteira, o que indiretamente compensou a perda em termos de comissão. Outros dois ganhos para os corretores é que as seguradoras passaram a fazer boa parte do atendimento pós-venda pelas centrais de atendimento e também investiram em tecnologia para que os corretores pudessem fazer todo o atendimento via web, sem custos com locomoção e redução do uso de papel.