Título: Popularidade inicial
Autor: Coimbra, Marcos
Fonte: Correio Braziliense, 20/04/2011, Política, p. 6

Um dado chama a atenção: todos estão começando bem, alguns muito bem. Tanto a presidente quanto os governadores completaram seu período inicial com índices elevados de aprovação popular sociólogo e presidente do instituto Vox Populi » marcoscoimbra.df@dabr.com.br São poucas as pesquisas disponíveis a respeito da popularidade dos governantes eleitos ano passado. A exceção é Dilma, cuja administração já foi avaliada através de algumas, divulgadas nas últimas semanas.

Sobre os governadores, as informações são menos abundantes. De um ou outro se conhece alguma coisa, vinda de levantamentos realizados na altura dos ¿cem dias¿, quando é hábito fazer as primeiras sondagens.

Um dado chama a atenção: todos estão começando bem, alguns muito bem. Tanto a presidente quanto os governadores completaram seu período inicial com índices elevados de aprovação popular.

Era de esperar que os governadores reeleitos (que são vários) tivessem essa performance. Afinal, reeleger-se equivale a passar com sucesso por um teste, em que o trabalho feito ao longo de quatro anos é avaliado e considerado satisfatório.

Já no fim de 2010, nas pesquisas de balanço anual, via-se isso. Os campeões eram governadores que haviam permanecido no cargo e vencido, como os de Pernambuco, Ceará e Bahia. Um pouco atrás, mas com números confortáveis, o do Rio de Janeiro.

Eduardo Campos, Cid Gomes e Jaques Wagner alcançavam, em dezembro, níveis de avaliação positiva superiores a 60%, o que significa que seus governos eram percebidos como ótimos ou bons por dois terços ou mais da população de seus estados (80% no caso de Eduardo Campos, o recordista). Sérgio Cabral obtinha 55%, o que, considerando a história política recente do Rio de Janeiro, pode ser visto como um bom número. Nenhuma surpresa, portanto, que seus governos chegassem aos cem dias com altos índices de popularidade.

Mas a safra atual não é formada apenas por governantes reeleitos. A começar pelo governo federal, são vários os estados onde governadores novos tomaram posse em janeiro.

Dois desses, de estados importantes, apresentam particularidades. Em São Paulo, Geraldo Alckmin é novo, mas nem tanto, pois é a terceira vez que ocupa o Palácio dos Bandeirantes. Em Minas Gerais, Antonio Anastasia não é novo, pois estava no cargo desde abril de 2010. Tecnicamente, foi, portanto, mais uma reeleição, embora não fosse assim percebida sua vitória pela vasta maioria da opinião pública mineira.

A atual popularidade de Alckmin confirma o que todas as pesquisas feitas nos últimos anos mostraram: é o governador de São Paulo mais bem avaliado de que temos registro. Com quase 50% de ótimo e bom, supera Covas e Serra, no início de governo, com folga.

Na mais recente pesquisa Vox Populi em Minas Gerais, Anastasia chega a 58% de avaliações positivas e a 80% de aprovação, o que o aproxima dos três mais bem situados (entre os estados maiores). Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, também está quase nesse patamar.

Alguns poderiam explicar seu desempenho lembrando que sucede a uma governadora muito mal avaliada. Que estaria bem somente por ser comparado a alguém que decepcionou.

Não é, no entanto, verdade em seu caso e, menos ainda, no de Anastasia. Aécio, seu antecessor, era extremamente bem avaliado, e, em retrospecto, mantém uma taxa de aprovação que beira a unanimidade: 95% dos entrevistados pela Vox Populi, em abril, aprovam o governo que fez.

Dilma com 73%; Anastasia com 80%; no Nordeste, três campeões; Alckmin batendo seus próprios recordes; algo inusitado no Rio Grande, onde Tarso Genro atinge patamar que ninguém havia alcançado por lá; todos, de uma maneira geral, superando o que seus predecessores obtiveram na mesma época. O que estará acontecendo com os brasileiros? Estamos todos felizes com os governos?

São eles (e ela) que são tão bons? Ou fomos nós que ficamos mais tolerantes?

Talvez as duas coisas: 1) de fato, é uma safra boa; 2) com a normalização democrática, a população brasileira, a cada dia, olha mais o governo como governo, sem deslumbramento ou receio.

A política está, finalmente, se tornando parte do cotidiano.